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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Descrição de chapéu Auxílio Brasil

Feirão no Congresso mantém vivos planos eleitorais de Bolsonaro

Votação de PEC dos Precatórios mostra força de máquina de dinheiro público que pode beneficiar o presidente

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O acordo generoso firmado com o centrão em 2020 blindou Jair Bolsonaro dos pedidos de impeachment que se acumulavam no Congresso. Na última madrugada, as duas partes assinaram um aditivo a esse contrato: em troca de uma boa recompensa, o bloco também mantém vivos os planos eleitorais do presidente.

A vitória na primeira votação da PEC dos Precatórios é o passo inicial para que o governo pegue um atalho no Orçamento e pague um Bolsa Família turbinado no ano que vem. Sem essa manobra, a derretida popularidade de Bolsonaro teria chances reduzidas de recuperação na disputa por mais um mandato.

O governo conseguiu aprovar o drible graças a uma operação liderada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira. Em sociedade com o Palácio do Planalto, ele prometeu liberar dinheiro para que os estados banquem salários de professores e sinalizou que haverá mais espaço nos cofres para as emendas indicadas pelos deputados.

Bem alimentados, os parlamentares da base governista demonstraram a esperada fidelidade a Bolsonaro, mas o centrão também trabalhou para conquistar votos da oposição e dos partidos que se dizem independentes —e, ao menos em tese, são contra a reeleição do presidente.

Atrás de Jair Bolsonaro, presidente da Câmara, Arthur Lira, conversa com ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira - Adriano Machado/Reuters

O PDT de Ciro Gomes deu 15 de seus 24 votos a favor do projeto que facilita a vida de Bolsonaro em 2022. O PSDB de João Doria e Eduardo Leite contribuiu com 22, e o PSD de Rodrigo Pacheco ajudou o governo com outros 31. Toda a bancada do Solidariedade votou a favor do texto, ainda que o presidente da sigla tenha declarado apoio a Lula.

A proposta passou num placar apertado (312 votos, quando eram necessários 308), que ainda pode ser revertido numa segunda votação na Câmara ou depois, no Senado. O resultado, porém, já mostrou a força de uma máquina de dinheiro público que é capaz de atropelar interesses políticos.

Algumas reações indicaram que existe um abismo dentro dos partidos. Ciro Gomes criticou os pedetistas por acreditar que o comportamento pró-governo nessa votação pode enfraquecer sua plataforma para 2022. Os deputados, no entanto, priorizaram o direcionamento de verba para as bases eleitorais, fundamental para sua própria sobrevivência política.

Ainda que o placar mude nas próximas votações, Bolsonaro e Lira já exibiram o jogo de ferramentas que têm em mãos para atingir seus objetivos políticos. O presidente quer abrir os cofres para melhorar suas chances de reeleição, enquanto o chefe da Câmara opera o Orçamento para ampliar sua influência dentro do Congresso. O feirão está aberto para impulsionar esse consórcio.

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