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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Delação de Cid levou PF ao coração do golpismo

Operação atinge alto escalão de uma máquina que atuou para interferir no processo democrático

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As articulações para manter Jair Bolsonaro no cargo se davam com desenvoltura no coração do governo. Uma equipe formada por políticos, militares, operadores e agitadores digitais dava expediente nos palácios, ministérios e quartéis.

Os alvos da operação da Polícia Federal nesta quinta-feira (8) foram alguns dos principais integrantes dessa conspiração, liderada de maneira pouco discreta por Bolsonaro. Ainda que houvesse barulho em público, a revelação dos detalhes do envolvimento de cada personagem dependeu de uma testemunha com acesso privilegiado à trama golpista.

O coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro - Adriano Machado/Reuters

A delação do coronel Mauro Cid, auxiliar inseparável de Bolsonaro, abasteceu a ação da PF contra a cúpula da organização. Foi o ajudante de ordens o autor de depoimentos sobre a atuação direta do então presidente e de outros dois nomes-chave: o ex-assessor Filipe Martins e o almirante Almir Garnier dos Santos.

Cid revelou episódios que deram materialidade ao complô e derrubaram a versão de que a tentativa de golpe era um delírio de vovós e militantes amalucados. Segundo o coronel, após a derrota na reeleição, Martins levou ao presidente a minuta de um decreto para segurar Bolsonaro no poder, convocar novas eleições e prender autoridades.

A atuação do então presidente como líder fica clara no relato de Cid. O auxiliar afirmou que Bolsonaro aprovou o texto e apresentou o plano aos chefes das Forças Armadas. Segundo o coronel, Garnier, comandante da Marinha, foi o único a apoiar a investida golpista.

Além dos personagens delatados por Cid, a ação da PF chegou a personagens que deram respaldo institucional à trama. Ali estavam o general Walter Braga Netto, que inaugurou a instrumentalização do Ministério da Defesa para detonar a credibilidade das urnas eletrônicas, e Valdemar Costa Neto, que usou o PL como veículo para contestar a votação.

A operação atingiu o alto escalão de uma máquina que usou recursos políticos e militares para interferir no processo democrático.

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