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Repórter especial, foi membro do Conselho Editorial da Folha e vencedor do prêmio Maria Moors Cabot.

Europa unida jamais será vencida

Pesquisa mostra que coesão europeia não foi abalada em dez anos, mas há exceções

Manifestantes pró-União Europeia protestam contra a saída do Reino Unido do bloco em frente ao Parlamento britânico, em Londres - Daniel Leal-Olivas - 5.fev.2018/AFP

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Crise econômica, crise dos refugiados, avanço de partidos xenófobos, o "brexit" --tudo somado, a impressão de quem acompanhou o noticiário dos últimos dez anos seria a de que a Europa unida estava se dissolvendo.

É só impressão: o ECFR (sigla em inglês para Conselho Europeu de Relações Exteriores) acaba de divulgar sua mais recente pesquisa sobre o, digamos, estado de espírito dos europeus (instituições e indivíduos) em relação à coesão europeia, ou seja, sobre a disposição dos Estados e cidadãos europeus de cooperarem entre si.

Conclusão: "Embora alguns países individualmente tenham se tornado mais isolados, o nível geral de coesão —a 'cola' que mantém a UE junta— aumentou ligeiramente nos últimos dez anos".

Ou, resumindo ainda mais: "Longe de se desintegrar, a UE parece estar se tornando mais forte".

O estudo cobre uma porção de ângulos, tanto no aspecto institucional como no individual. Fixei-me mais no individual por entender que as instituições europeias estão mais ou menos condenadas a se integrar. Basta ver os problemas que o Reino Unido criou para si mesmo com o "brexit" para imaginar o drama que seria desvincular-se da UE para países menores e menos ricos do que a terceira economia europeia.

Já a coesão individual é mais indicativa da adesão ou rechaço ao espírito europeu. O ECFR (em cujo sítio pode-se encontrar a íntegra do estudo) usa dez indicadores para medir desde o fato de o cidadão ter ou não visitado outro país europeu no ano passado até a evolução do voto em siglas xenófobas/nacionalistas.

A coesão individual aumentou entre 2007 e 2017 em 20 dos 28 países pesquisados, permaneceu idêntica em dois deles e só retrocedeu nos seis restantes.

O problema é que, entre os seis, aparecem justamente as maiores economias da Europa depois da Alemanha (um dos países mais europeístas): França, Itália e Espanha, além de Grécia e os novos eurocéticos Hungria e Polônia.

O relatório deixa claro que "a grande preocupação é a Itália, cuja queda combinada em coesão estrutural e individual (menos 1,7 ponto) é a maior entre todos os Estados da UE".

Pior: "A Itália passou de ser um dos países mais pró-Europa a um dos mais insatisfeitos com a Europa".

Aumenta a preocupação o fato de que a Itália vai às urnas em menos de um mês (a 4 de março), com chances de que partidos nacionalistas e/ou eurocéticos obtenham votações muito importantes.

É natural, portanto, que o autor do estudo, Josef Janning, diga que "embora a UE seja muito mais resiliente do que as manchetes dos tabloides fazem você acreditar, os resultados mostram o impacto das crises no engajamento dos cidadãos". Propõe que a integração institucional seja acompanhada de incentivos com os quais os cidadãos possam se identificar mais diretamente.

A importância de uma Europa forte e viva aparece nitidamente no comentário de Carlos Yárnoz para "El País": "A UE tem demonstrado ser o mais potente ímã para que os candidatos [à adesão] elevem seu nível democrático, de respeito aos direitos humanos e às regras da economia de mercado".

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