Paraense, jornalista e escritora. É autora de "Tragédia em Mariana - A História do Maior Desastre Ambiental do Brasil". Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense.
A violência que nos dilacera
Lula terá que tirar as instituições da inércia para reverter o ambiente de insanidade
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
O massacre em Aracruz, no Espírito Santo, nos dilacera como sociedade e nos lembra que escolas deixaram de ser o lugar seguro onde crianças, jovens e mestres devem florescer juntos.
O Brasil foi inscrito no mapa dessa tragédia em abril de 2011, numa escola do bairro de Realengo, no Rio de Janeiro, quando um ex-aluno abriu fogo e matou 12 crianças e adolescentes. De lá para cá, contam-se, pelo menos, mais 11 atentados e carnificinas em escolas e creches. Há diferenças nas motivações e execução, mas os crimes se assemelham na brutalidade e covardia contra vítimas indefesas.
No caso de Aracruz, que resultou na morte de quatro pessoas, há um componente de alarmante gravidade. O assassino de 16 anos usava uma suástica nazista na roupa e demonstrou profissionalismo incomum ao arrombar o portão de duas escolas, dirigir o carro e usar as armas do crime. As armas pertencem ao pai, um policial militar que publicou post sobre o livro de Hitler, "Minha Luta", base da ideologia nazista e de todos os seus horrores.
Pesquisadores apontam uma explosão no crescimento de grupos neonazistas brasileiros na deep web, nos últimos quatro anos. Muitos, porém, já saíram da clandestinidade do mundo digital e exibem sua fúria em atos golpistas contra a vitória de Lula.
No mesmo dia do massacre em Aracruz, operações policiais deixaram 14 pessoas mortas, em três comunidades do Rio de Janeiro e de Niterói. É mais um banho de sangue no currículo do governador Cláudio Castro, bolsonarista-raiz. Os mortos eram os "suspeitos" de sempre.
O Brasil teve quatro anos de distribuição de armas e de promoção da violência como política de Estado. A tal ponto que um empresário de Mato Grosso se sente à vontade para, em público, convocar gente armada para tumultuar a diplomação do presidente eleito. O governo Lula terá que tirar as instituições da inércia para reverter o ambiente de insanidade que ameaça o país e cada um de nós.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters