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Economista pela UFPE, estudou economia comportamental na Warwick University (Reino Unido); evangélica e coordenadora de Políticas Públicas do Livres

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Temos também o que comemorar neste 8 de Março

Novas leis, políticas inovadoras e ações da sociedade civil trazem melhorias para as mulheres

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Anualmente, quando março chega, intensificam-se as conversas sobre a desigualdade de gênero, a trajetória na busca pelos direitos femininos e os desafios que ainda enfrentamos. Sem dúvida, trata-se de um debate importante, o qual também procuro abordar em minha coluna. No entanto, considerando a natureza comemorativa deste período, acredito que deveríamos refletir sobre os avanços já conquistados.

Nos últimos dez anos, observamos uma marcha lenta, porém constante, rumo à igualdade de gênero, segundo o relatório de retrospectiva do Banco Mundial. Desde os anos 70, países do mundo todo aprovaram mais de 2.000 reformas legislativas em prol da igualdade entre homens e mulheres.

Ainda há muito o que avançar. Legalmente, as mulheres possuem cerca de três quartos dos direitos econômicos dos homens, com quase 2,4 bilhões de mulheres em idade produtiva ainda sem igualdade de oportunidades econômicas. A discriminação legal limita o acesso das mulheres a participação em mercados, sendo as disparidades mais acentuadas na África subsaariana, Oriente Médio e norte da África e Sul da Ásia. No entanto, destacar os avanços é fundamental para reconhecer o trabalho árduo das mulheres ao redor do mundo e o impacto positivo de políticas públicas e esforços coletivos para superar essas barreiras.

A angolana Ilda Garcia trabalha no cultivo de alface, na Província de Malange, interior de Angola - Joel Silva/Folhapress

Por exemplo, em Bangladesh, há uma história de sucesso que ilustra bem o progresso. O país adotou uma abordagem deliberada e coerente para alcançar prioridades de gênero, focando na redução da taxa de fertilidade e no aumento da taxa de participação feminina no mercado de trabalho. Como resultado, as mulheres passaram a poder fazer um melhor planejamento das gravidezes, de modo a reduzir de 6,9 nascimentos por mulher no início dos anos 1970 para 2,0 em 2020. Nesse período, a participação feminina na força de trabalho aumentou quase dez pontos percentuais desde 2000. Esses resultados foram alcançados por meio de uma colaboração entre o governo, ONGs, instituições acadêmicas e parceiros de desenvolvimento, destacando o poder das ações coordenadas e o compromisso de longo prazo.

Além disso, o empoderamento econômico das mulheres recebeu um impulso significativo por meio da Iniciativa de Financiamento para Mulheres Empreendedoras (We-Fi), que apoia mulheres empreendedoras em países em desenvolvimento. Esse esforço global não só facilita o acesso ao financiamento, mas também fornece recursos educacionais e uma rede de apoio para ajudar as mulheres a estabelecer e expandir seus negócios. Iniciativas como o We-Fi demonstram a importância de abordar as disparidades de gênero no empreendedorismo e no acesso a recursos econômicos.

Mulheres trabalham com reciclagem de plástico em Daca, Bangladesh - Mohammad Ponir/Reuters

No campo da educação e direitos legais, progressos notáveis foram feitos em vários países. A abolição de leis discriminatórias e a implementação de políticas que promovem a igualdade de gênero nas escolas contribuíram para aumentar a matrícula de meninas no ensino médio e superior. Relatórios do Banco Mundial destacam que, em muitos países, as meninas agora têm igualdade ou até superam os meninos em termos de matrícula escolar, um indicador chave para o desenvolvimento futuro da igualdade de gênero.

O Brasil também não ficou de fora da tendência de melhorias, com a implementação de políticas eficazes e legislação forte contra a violência baseada em gênero e de avanços na educação e saúde maternas. A taxa de matrícula das mulheres no ensino médio (83,2%) supera a dos homens (80,3%) e está alinhada a de países de renda média alta. As mulheres representam 36,6% dos formandos em áreas de exatas, marcando progresso na inclusão em campos majoritariamente masculinos. Na saúde, 99,1% dos partos foram assistidos por profissionais capacitados em 2017, e a mortalidade materna caiu para 60 por 100.000 nascidos vivos em 2017, abaixo da média da América Latina, mas ainda atrás de economias desenvolvidas.

Em Paris, mulheres carregam cartazes com nomes de vítimas de feminicídio - Abdul Saboor/Reuters

Essa jornada rumo à igualdade de gênero, embora lenta, tem resultado em progresso e conquistas significativas. Através de reformas legislativas, políticas públicas inovadoras e esforços globais como os já citados, o mundo tem testemunhado melhorias tangíveis na vida das mulheres. Contudo, os desafios remanescentes exigem um comprometimento renovado de todos os setores da sociedade para garantir que cada mulher e cada menina tenha a oportunidade de realizar seu pleno potencial.

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