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O ódio na política

Todos os não liberais pedem ajuda ao porrete do Estado para perseguir seus desafetos

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Deirdre Nansen McCloskey

O liberalismo genuíno, como o cristianismo progressista, tem apenas um inimigo permanente, o Diabo. Nas palavras do hino de Martinho Lutero de 1531 "Ein feste Burg", baseado no Salmo 36: "Com fúria pertinaz / Persegue Satanás / Com artimanhas tais / E astúcias tão cruéis / Que iguais não há na terra."

O liberalismo afirma uma teologia pública na qual todos os seres, com a exceção do Diabo, são redimíveis.
Cada um de nós, afirma o liberalismo, deve ter a permissão de trabalhar por seu próprio projeto, exceto se esse projeto envolve o constrangimento físico de outros, como soprar o vírus da Covid-19 no nariz de outra pessoa, colocar jornalistas dissidentes na prisão ou bombardear ucranianos.

Todas as outras filosofias políticas/econômicas têm uma lista de inimigos. Elas travam uma guerra perpétua e geralmente física contra um ser humano particular, na ausência do não-ser do Diabo: o burguês, para o comunismo de Lênin, o judeu, para o nazismo de Carl Schmitt, o rico, para a democracia social, o empresário poluidor, para o ambientalismo, o esquerdista, para o conservadorismo, o universitário judaico do leste dos Estados Unidos e amante de pretos, para o trumpismo, os queers, socialistas e seguidores do candomblé, para o bolsonarismo —e, para o neofascismo da esquerda, o racista ou transfóbico imaginários, embora reconhecendo que existem muitos deles na vida real.

Todos os não liberais pedem ajuda ao porrete do Estado para perseguir seus desafetos. O estatismo é a filosofia que eles têm em comum.

O programa é tomar controle do Estado, usando de coação física se for preciso, e depois utilizar seus poderes para exterminar seus inimigos e coagir o resto. Isso é um exagero, você dirá. Você se enxerga como um estadista gentil e moderado. Mas eu o convido a fazer um experimento científico.

Pare de pagar imposto de renda, que, afinal de contas, é usado para financiar políticas públicas das quais você e eu não gostamos. Quando o Leão mandar uma carta, jogue-a fora. Quando uma segunda carta cobrar seus impostos atrasados, acrescidos de uma multa polpuda, ignore-a. Quando a polícia vier, tente fugir. Quando você for detido e encarcerado, tente escapar.

Depois, para registrar uma descoberta na ciência política, observe com cuidado o que acontece com você. Ainda é contra a coação física? Não acha que há inimigos do Estado a ser exterminados?
Cuidado, meus caros brasileiros, o ódio é o instrumento do antiliberalismo.

Tradução Clara Allain

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