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Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

'Dicionário dos Refugiados do Nazifascismo no Brasil' implora por versão eletrônica

Livro selecionou 500 personagens, contando suas vidas antes e depois de viagem

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A Casa Stefan Zweig publicou o "Dicionário dos Refugiados do Nazifascismo no Brasil", coordenado pelo historiador Israel Beloch. Estima-se que entre os anos 20 do século passado e o fim da Segunda Guerra, em 1945, tenham chegado a Pindorama cerca de 15 mil pessoas.

Muitos, judeus como Zweig, deixaram a Europa fugindo do nazismo. O Dicionário selecionou 500 personagens, contando suas vidas antes e depois da viagem.

Nas dobras do livro estão histórias de uma época em que se cruzaram a realidade de uma Europa desgraçada e a de um Brasil promissor.

O escritor austríaco Stefan Zweig (1881-1942) - Reprodução

Esses refugiados sacudiram as instituições científicas e a cultura do país. No mesmo navio que trouxe Stefan Zweig numa de suas viagens ao Brasil, veio o professor Friedrich Brieger, que aclimatou sementes de hortaliças europeias e se tornou um patriarca da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, de Piracicaba. O radiologista Carl Simon Fried esteve no campo de Buchenwald antes da guerra e chegou em 1940. Tinha fama, mas seu diploma de médico não foi reconhecido no Brasil (alô, alô, Revalida).

Felizmente, a Universidade de São Paulo levou-o para dirigir seu Instituto de Radiologia São Francisco de Assis. Outros refugiados colaboraram no milagre da criação do Instituto Tecnológico da Aeronáutica. Criaram também livrarias como a Cultura, em São Paulo, e a Kosmos, no Rio.

Aqui e ali aparece a informação de que o refugiado foi para Rolândia. Essa é a história da vinda para o Brasil, em 1933, de Erich Koch-Weser com sua turma. Ele havia sido deputado, ministro do Interior e vice-chanceler da Alemanha. Por sua ascendência judaica, viu-se impedido de advogar. Armando um complexo esquema legal, Koch-Weser conseguiu sair da Alemanha em 1933, com algumas famílias. Estabeleceram-se num projeto de colonização em Rolândia, no norte do Paraná. Era mato puro. Por lá passou o refugiado austríaco Otto Maria Carpeaux que se tornaria um renomado jornalista. Anos depois, veio Rudolf Isay, que virou cafeicultor e patenteou um catador para o grão.

Caio Koch Weser, neto de Erich, voltou para a Alemanha em 1951 e chegou à vice-presidência do Banco Mundial. Em 2000, por pouco não foi para a direção do Fundo Monetário Internacional. Teve a oposição dos Estados Unidos e o voto contrário do Brasil. Seu tio Dieter também deixou Rolândia e veio a ser diretor da Escola de Medicina Pública de Harvard.

O "Dicionário dos Refugiados" implora por uma versão eletrônica.

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