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Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

Netanyahu no golpe do 'cachorro doido'

Governantes acreditam que prevalecerão indicando aos outros que são capazes de fazer o impensável

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Em 2007, quando estava na oposição, Binyamin Netanyahu ensinou: "Você não pode ter um primeiro-ministro num país como Israel se ele não tem algum tipo de habilidade para conceber um conceito de diplomacia e segurança".

Desde outubro, quando os terroristas do Hamas atacaram Israel, sabia-se que seus serviços de inteligência haviam fracassado. Só agora o general que os comandava deixou o cargo. Seis meses depois, enquanto o governo de Netanyahu atravessa um inédito processo de isolamento fora do mundo islâmico.

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel - Ronen Zvulun - 18.fev.24/Reuters

As manifestações de estudantes americanos acampando em universidades são um aviso de que algo está acontecendo. Eles não são contra Israel. Condenam o tipo de guerra que Netanyahu faz na Faixa de Gaza.

O primeiro-ministro de Israel entrou na tenebrosa galeria dos governantes que fazem o jogo do "cachorro doido". Acreditam que prevalecerão indicando aos outros que são capazes de fazer o impensável.

Quem primeiro expôs essa teoria foi o presidente americano Richard Nixon diante da guerra do Vietnã. Deu com os burros n'água. Antes dele, o primeiro-ministro soviético Nikita Khruschov armou o mesmo bote em 1962, botando ogivas nucleares em Cuba. Dançou.

Vinte anos depois, o ditador argentino Leopoldo Galtieri invadiu as ilhas Malvinas achando que a Inglaterra não reagiria. A primeira-ministra Margaret Thatcher desceu a frota e retomou as ilhas e Galtieri foi deposto.

No Brasil, o cachorro doido ladrou em 1961, mas acabou mordendo o próprio rabo. O presidente Jânio Quadros mandou pelo menos quatro bilhetes aos ministros militares tratando das Guianas.

No primeiro, de 31 de julho, denunciava a "presença de fortes correntes de esquerda, algumas, reconhecidamente, comunistas" e perguntava: "Haverá, ainda, a possibilidade da nossa penetração nesses três Estados e, eventualmente, a da integração respectiva, no todo ou em parte, a nosso país?"

No último, de 24 de agosto, Jânio havia abandonado a ideia da "integração" e programou uma reunião do ministério para tratar da Guiana Inglesa.

Segundo Jânio: "Com as recentes eleições da Guiana Britânica instalar-se-á, sem dúvida, ao Norte do Brasil, um país de estrutura soviética. Conheço o dirigente desse novo governo e considero-o da mais alta periculosidade".

No dia seguinte, Jânio tentou outro golpe. Com o vice-presidente terminando uma viagem à China, renunciou à Presidência e esperou que pedissem a sua volta.

Enganou-se.

Em geral, o "cachorro doido" perde.

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