Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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Mariliz Pereira Jorge
Descrição de chapéu Todas

O machismo na taxa das blusinhas

A leitura simplista de que mulher é fútil e precisa ser tutelada pelo Estado

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Até na taxação de compras internacionais a discussão política é machista. A taxa das blusinhas, como ficou conhecida a proposta de acabar com a isenção de compras internacionais de até US$ 50, mascara uma série de problemas no mercado, que vai muito além de Janja e a filha de todo mundo comprarem bugigangas, como disse Lula.

Sim, tem muita blusinha baratinha, mas os gigantes chineses deram acesso aos brasileiros a uma variedade de produtos que nem são produzidos no Brasil ou que são inacessíveis à maior parte da população. Alguém precisa de um toalheiro térmico? Ou de uma cuba para a cozinha com cascata e porta-detergente? Provavelmente não. Mas deveria ser direito do consumidor decidir como gastar sem a sensação de que está sendo extorquido ou que está condenado a opções caras e obsoletas.

Não sou grande consumidora de Shein ou AliExpress, mas conheço gente que renovou a casa pagando muito menos por peças mais modernas do que as disponíveis por aqui. Um amigo é viciado em acessórios automotivos. Tem blusinha, mas tem cama, mesa, banho, ferramentas, brinquedos, eletrônicos, produtos de beleza e de saúde.

Trata-se de uma variedade de itens que, no mercado nacional, sofre com a realidade brasileira, a falta de um sistema tributário transparente, um processo simplificado de arrecadação sobre a produção e comercialização de bens e prestação de serviços. Medidas que poderiam estimular uma indústria subdesenvolvida, que não satisfaz mais um consumidor que passou a conhecer produtos aos quais só tinha acesso quem viajava para fora. Não é uma questão só de preço, mas também de variedade.

É um problema crônico que talvez seja minimizado lentamente nos próximos anos por meio da reforma em andamento, mas que acaba sendo traduzido pela leitura simplista de que mulher é fútil e precisa ser tutelada pelo Estado. Mais fácil estereotipar o consumidor do que encarar o elefante na sala.

Blusas em loja da Shein em Paris - Christophe Archambault/AFP

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