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Jornalista, autor de "Desastre Global - Um Ano na Pior Crise desde 1929". Vencedor de quatro prêmios Esso.

No zoo Brasil, hienas de Bolsonaro podem acabar rindo por último

Se a economia melhorar, não é só o núcleo duro do presidente que vai se animar

O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente Jair Bolsonaro - Mauro Pimentel/AFP

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Jair Bolsonaro enxergou longe quando escolheu Paulo Guedes para a Economia e ao tê-lo deixado trabalhar. E teve sorte por assumir em terra arrasada e sem margem, ao lado de um Congresso cioso da necessidade de reformas, personificado em Rodrigo Maia.

O Brasil saiu de uma queda livre de quase -8% do PIB no biênio 2015-2016 e terá crescido cerca de 1% ao ano desde então; 2019 repetirá o padrão, mas agora saudavelmente puxado pelo setor privado, pois o gasto estatal cai para conter a dívida pública, em quase 80% do PIB.

Dado o estado da contabilidade nacional, o copo está mais cheio que vazio. O crescimento pode dobrar em 2020: dos 2% esperados para os -8% de três anos atrás é enorme a diferença em se tratando de PIB.

A nova Previdência –com mais potência que a de Temer– foi aprovada e Guedes prepara a reforma administrativa. Previdência e funcionalismo são as duas grandes despesas públicas. Se equacionadas, o maior risco interno para a economia estará superado.

Não é pequena a chance de o país acelerar e os anos à frente serem bastante melhores que os atrás.

Isso deixaria o Brasil na peculiar situação de conviver com uma melhora econômica acompanhada de degradação da paisagem institucional, política e civilizatória.

Se as coisas melhorarem, não serão só o núcleo duro ou os 30% que hoje apoiam o presidente a ficarem animados. Vale lembrar que o Lula “ferido de morte” pelo mensalão em 2005 se reelegeria em 2006 apoiado na economia.

Invertendo aqui os papéis da fauna presidencial, as hienas do campo de Bolsonaro vão procurar cada vez mais minar o poder de instituições como a Justiça e os partidos, além dos movimentos sociais e a vigilância da mídia.

Nesse caldo, Bolsonaro joga na confusão: defende o combate à corrupção e protege a família de investigações enquanto a Justiça se torna antipática perante o público com idas e vindas intermináveis em casos como o de Lula e da prisão em segunda instância.

Na política, a esquerda segue presa com Lula em Curitiba e sem plano viável para a economia; à direita, sobram cópias ruins do bolsonarismo original; no centro, o que se oferece até aqui é só um caldeirão para a galera.

Desse jeito, Bolsonaro pode acabar rindo sozinho.

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