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Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

O primeiro encontro do grupo de Capitalistas Anticomunistas

Os integrantes se reuniram para discutir como se proteger do terrível fantasma do comunismo

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A bandeira dos Estados Unidos ao lado dos retratos de Ronald Reagan, Joseph McCarthy e João Amoêdo deixava claro. Aquele não era um lugar para comunistas.

No coração da Faria Lima, acontecia o primeiro encontro dos Capitalistas Anticomunistas e Antissocialistas, ou C.A.C.A.S. Os integrantes se reuniram para discutir como se proteger do terrível fantasma do comunismo, enquanto arremessavam dardos em uma imagem de Karl Marx.

“Caros capitalistas, a situação é grave”, introduziu o coordenador da associação. “O Foro de São Paulo vai acontecer a qualquer momento e a ameaça comunista está próxima.”

“Malditos comunistas”, gritou um participante. “Eles só querem tomar nossas propriedades”, berrou outro, acertando um dardo no nariz de Marx.

O coordenador continuou. “Nós precisamos eliminar qualquer rastro de comunismo do país!”

Eliminar todo o rastro comunista não seria uma tarefa fácil. Um deles comentou: “Mestre, hoje em dia muitas coisas são fabricadas na China comunista”. O coordenador foi categórico. Tudo o que
viesse dos comunistas deveria ser eliminado.

Outro integrante perguntou: “Até os smartphones?”. O líder continuou firme: “Se forem feitos pelos comunistas, devem ser eliminados”.

Outro participante se levantou da cadeira para perguntar: “E os calçados? Até Nike é fabricado na China”. O coordenador repetiu, impaciente: “Qualquer coisa vinda de país comunista deve ser eliminada do nosso território”.

Confusos com a ordem, os integrantes questionavam. “E os computadores?”; “Os videogames também?”; “Posso comprar nada do Ali Express?”; “E fumar charuto?”

Até que o líder da associação explodiu: “Vocês são surdos? Eu já falei e vou repetir: tudo o que vier dos comunistas deve ser eliminado do país. Não importa se for carro, sutiã, cimento, ou a porcaria do TikTok”.

A sala ficou em silêncio. Um dos participantes se levantou: “Tudo tem um limite”. Outro integrante virou a mesa: “E a minha filha? Vai se divertir como na pandemia?”.

Todos os participantes concordaram e foram embora da reunião, indignados. Eliminar o TikTok já era demais.

E assim terminou o primeiro e último encontro dos Capitalistas Anticomunistas e Antissocialistas, os C.A.C.A.S.

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