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Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Mesmo centenária, ainda insistem em dizer o que a Folha deve fazer

É o mesmo que acontece com toda mulher que envelhece

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Em cem anos, a Folha testemunhou guerras, crises econômicas, ditaduras, a chegada do homem à Lua, revoluções culturais, e cobriu os fatos da era mais transformadora da história da humanidade.

Também sobreviveu a todo tipo de concorrência, como a era digital, as redes sociais e a polarização, com a direita dizendo que o jornal é de esquerda, e a esquerda dizendo que o jornal é de direita. Coisas que seus fundadores não imaginariam nem nos seus sonhos mais malucos.

Mesmo com tantos anos de vida e com toda essa experiência, assim como ocorre com toda mulher que envelhece, as pessoas insistem em dizer o que ela deve ou não fazer.

Ilustração de Galvão Bertazzi para a coluna de Flávia Boggio de 18 de fevereiro de 2021 - Galvão/Folhapress

Além de todos os gloriosos feitos, o centenário tem um significado pessoal. A Folha fez parte da minha infância. Meus pais são jornalistas e trabalharam por quase duas décadas no jornal. Era assim que eles chamavam, “o jornal”.

Não existia nada mais trágico para mim, ainda criança pequena, do que ouvir o “vou para o jornal” da minha mãe. Era um desespero. Quem esse jornal pensava que era para roubar a minha mãe de mim?
Como meus pais faziam plantão nos fins de semana, passávamos algumas tardes de domingo na Redação.

Existia um verdadeiro empenho dos colegas de lá para nos entreter. Punham cada uma das quatro irmãs nas mesas vagas para brincar de jornalista e nos mantinham ocupadas batendo qualquer coisa nas máquinas de escrever.

A melhor parte era quando nos levavam para um tour pelo jornal. Visitávamos o estúdio dos ilustradores e tínhamos aulas, com os melhores, para aprender a fazer charges.

Quando ficávamos até tarde, conseguíamos pegar a impressão do jornal. Pela vidraça, assistíamos às dezenas de rotativas girando, em uma velocidade impressionante, imprimindo as primeiras edições.

Com o tempo fui entendendo que o “vou para o jornal” da minha mãe era uma das coisas mais importantes de sua vida (às vezes, a mais importante). Como ela ficava feliz entre os colegas de trabalho, falando sobre suas reportagens ou gritando ao telefone para entrevistar um empresário, prefeito ou governador. Rabiscando seu bloco de notas na mesma velocidade com que datilografava na máquina de escrever. Tempos analógicos.

Ela me ensinou que, assim como “o jornal”, ninguém pode dizer a ela o que fazer.

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