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Descrição de chapéu Eleições 2018 Rio de Janeiro

O eleitor tá morrendo de saudade de um peteleco na orelha

Temer e Crivella conseguiram a proeza de ressuscitar projetos condenados

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Todo dia alguém dava um peteleco na orelha de Zaqueu, conta Jesus num evangelho apócrifo. Todo santo dia, um rapaz vinha na ponta dos pés e, quando Zaqueu menos esperava, lhe dava um petelecão, daqueles que fazem barulho. O publicano odiava o homem do peteleco mais do que o próprio Satanás. Mal sabia Zaqueu que se tratava do próprio Satanás.

Ao cabo de oito anos, aparece um sujeito novo que promete acabar com o peteleco. Zaqueu comemora. O rapaz então se ajoelha sobre os seus pés e lhe dá uma martelada no dedão. Zaqueu chora em posição fetal. O rapaz então lhe aplica um chute nos testítulos.

No dia seguinte, o jovem repete o mesmo procedimento, enquanto canta um gospel. “Eu vou me sentar à mesa do rei”, diz a canção de Damares, “e todos que me humilharam vão me ver ali/E vão ter que saber que fui convidado, sim”.

Zaqueu passou então a ter saudade de Satanás. Mal sabia ele que era Satanás quem tinha enviado o segundo homem, pra fazer Zaqueu pensar que o Coisa Ruim era bom.  

Imagino que o leitor versado em parábolas já tenha percebido a quem Jesus se referia: ao eleitor carioca. Durante anos cultivamos por Eduardo Paes uma raiva profunda e justificada. Pedro Paulo, ungido pra ser seu sucessor, teve votação pífia —e na época ninguém entendeu por que Paes ungiu um candidato tão impopular e despreparado. Crivella tomou seu lugar trocando o peteleco pelo chute no saco ao som de música gospel.

Hoje o carioca parece estar querendo Eduardo Paes de volta, assim como o eleitor brasileiro quer o PT. A oposição, em ambos os casos, conseguiu a proeza de oferecer uma alternativa pior a algo que estava indo muito mal. Resultado: ressuscitaram um projeto falido e impopular.

Nada foi melhor pra Paes que Crivella, nada salvaria o PT como Temer fez. O naufrágio na aprovação do Temer leva junto todos os que embarcaram na canoa furada. O povo tá morrendo de saudade do peteleco.

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