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Diretor da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, é fundador da Associação Portugal Brasil 200 anos.

Quando as crianças preferirem o Al Hilal ao Palmeiras será tarde demais

Na era global, são as monarquias do Oriente Médio que descobrem o truque da cortina de fumaça

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Enquanto times e seleções brigam por títulos, e torcedores se entusiasmam com lances incríveis, o campo verde parece ser mais do que um simples gramado. A bola rolando nas quatro linhas está longe de ser apenas um espetáculo esportivo, e por trás dos 90 minutos existe um jogo político tão habilmente tramado quanto um drible certeiro. Como dizem por aí, "o futebol é mesmo uma caixinha de surpresas".

Aceite um palpite. Se a seleção brasileira quiser voltar a vencer a Copa do Mundo, talvez seja hora de considerar o recrutamento de seus jogadores diretamente na Arábia Saudita, para onde os craques começam a ir cada vez mais jovens. Afinal, não é como se Neymar e CR7 estivessem sendo escalados lá para shows solo. A terra das Arábias virou o novo Eldorado futebolístico, onde até mesmo os craques mais renomados são tentados a trocar suas chuteiras em busca de petróleo... Perdão, quero dizer, títulos.

O jogador brasileiro Neymar assina contrato ao lado do presidente do Al Hilal, Fahad bin Nafel, em Paris - Al Hilal via AFP

Mas não pense que isso é apenas um problema de foro esportivo. Não, não! Aqui, o futebol não é só um esporte, é um simulador político. E, sejamos honestos, todos sabemos que, quando políticos entram em campo, toda partida ganha um tempero especial. No caso do Oriente Médio, os países estão aproveitando a paixão global pelo futebol para redefinir o que é mais importante do que uma vitória: o poder.

Lembram da época em que nossos avós assistiam a jogos de futebol para esquecer as agruras da vida? É uma tática mais antiga do que a "folha seca". Durante regimes autoritários, como os de Portugal e Brasil, o futebol serviu de cortina de fumaça para problemas políticos e sociais. Enquanto os astros brilhavam nos gramados, o público deixava de olhar para os assuntos espinhosos fervilhando nos bastidores.

Agora, na era global, são as monarquias do Oriente Médio, sem tradição democrática, mas com a permissão do Ocidente, que descobrem o truque. Jogadores estratosféricos como Neymar e CR7 também atraem influência e poder. Afinal, nada como uma jogada genial para fazer esquecer que há um novo poço de petróleo para intoxicar a Terra ou um jornalista assassinado e esquartejado debaixo de tudo isso.

Enquanto a bola rola, não podemos deixar de sorrir com um toque de ironia. O futebol, esporte que une corações e desafia a lógica, está reescrevendo as regras políticas. Que venham as vitórias, as reviravoltas e, claro, as "contratações" do Oriente. Quem precisa de democracia quando se tem um chute certeiro?

É preciso ter presente que hoje, não são só as empresas globais e tecnológicas de Musk e Bezos que ameaçam os fundamentos da democracia. O muito tradicional dinheiro sujo dos petrodólares está a corromper a sociedade em todo o mundo por meio do futebol.

Quando nossos filhos preferirem a camiseta do Al Hilal à do Palmeiras, aí já vai ser tarde demais.

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