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Os governos locais e a migração: propostas para uma agenda regional

Políticas públicas permitem aproveitar contribuições dos migrantes

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Betilde Muñoz-Pogossian

Diretora do Departamento de Inclusão Social, Secretaria de Acesso aos Direitos e Equidade da OEA, coordenadora da Rede de Mulheres Cientistas Políticas #NoSinMujeres e Draper Hills Fellow em Democracia, Desenvolvimento e a Regra da Lei na Universidade de Stanford

Os governos locais são os principais órgãos políticos encarregados de governar as comunidades locais e, nesse sentido, têm como principal responsabilidade fornecer serviços essenciais e estão em uma posição única para gerar mudanças significativas no acesso aos direitos e inclusão dos cidadãos sob sua responsabilidade.

É por isso que as autoridades locais desempenham um papel importante no cuidado e integração de migrantes, solicitantes de asilo e refugiados nas cidades das Américas. Embora muitas vezes se pense que a mobilidade humana é uma questão que só é abordada através de políticas públicas nacionais, as autoridades locais estão em uma posição única e próxima das pessoas que elas governam.

Com efeito, elas são as primeiras a administrar os impactos dos movimentos migratórios e do deslocamento forçado em suas cidades e em seus cidadãos.

Migrantes se abrigam durante chuva em uma das ruas principais de Pacaraima, em Roraima - Mathilde Missioneiro - 4.abr.21/Folhapress

Além das oportunidades que seu papel lhes oferece para administrar políticas públicas que lhes permitam aproveitar plenamente a chegada de migrantes e refugiados, não podemos negar que as cidades e seus governos tiveram que assumir um custo significativo no recebimento e integração de populações migrantes e deslocadas à força, que vêm aumentando nos últimos anos.

Hoje sabemos que mais de 73,5 milhões de migrantes internacionais vivem nas Américas, dos quais, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), mais da metade (43,3 milhões) são trabalhadoras e trabalhadores migrantes. No final de 2021, existiam cerca de 18,5 milhões de pessoas deslocadas ou com necessidade de proteção internacional na região, incluindo solicitantes de asilo, refugiados, apátridas e deslocados internos, representando cerca de 20% da população mundial deslocada à força.

Além disso, estima-se que mais de seis milhões de refugiados e migrantes da Venezuela deixaram seu país e residem em 17 países da América Latina e do Caribe, enquanto mais de 1 milhão de pessoas fugiram da violência e perseguição na América Central, incluindo mais de 100 mil nicaraguenses, que foram deslocados principalmente para a Costa Rica.

Além disso, sabemos que as autoridades locais enfrentam vários desafios na inclusão de migrantes e refugiados, que aumentam no nível local desde as cidades até as chamadas áreas de fronteira. Esses desafios vão desde a falta de recursos financeiros, de capacidades técnicas e de alternativas para a plena inclusão social dos migrantes até a carência de coordenação adequada entre os governos nacionais e locais, entre outras.

Apesar desses desafios, migrantes e refugiados contribuem significativamente para o desenvolvimento de suas comunidades anfitriãs. Por um lado, ajudam no crescimento do PIB através do aumento do consumo e de uma força de trabalho jovem e qualificada e, por outro, fortalecem a transferência de conhecimento e enriquecem o patrimônio cultural e social.

Mas esses benefícios não podem ser aproveitados sem que os governos locais assumam a liderança. Um papel ativo dos governos municipais gerará mecanismos para aproveitar seus talentos humanos e contribuições econômicas ao mesmo tempo em que se combatem a discriminação e a xenofobia nas comunidades anfitriãs.

Dadas as atuais crises de deslocamento forçado na região, é cada vez mais importante promover espaços para o intercâmbio de boas práticas e lições aprendidas, assim como cooperação internacional e assistência técnica, o que permitirá aos países anfitriões replicar as boas práticas que foram desenvolvidas em outros países. Ao mesmo tempo, eles podem dar uma resposta holística e eficaz ao fenômeno, além de aumentar a conscientização e fomentar a solidariedade e a coesão nas comunidades receptoras.

Durante a Cúpula das Cidades das Américas, a ser realizada em Denver, Colorado (EUA), em abril de 2023, será lançado o Estudo Regional "The Role of Local Governments in the Reception and Integration of Migrants and Refugees in Cities of the Americas", com o objetivo de gerar um diagnóstico das necessidades das autoridades locais no acolhimento e integração de migrantes e refugiados, bem como incluir uma compilação de boas práticas desenvolvidas em nível local.

O objetivo de trazer essa pauta para a Cúpula das Cidades das Américas é provocar um diálogo sobre os desafios e oportunidades enfrentados pelas autoridades locais envolvidas no acolhimento, assistência, proteção e integração socioeconômica e cultural de migrantes, solicitantes de asilo e refugiados, bem como continuar a fazer propostas de soluções que façam da migração um ganho mútuo para migrantes e pessoas deslocadas à força e suas comunidades de acolhimento.

Essa não é uma tarefa impossível. Isso pode ser alcançado com políticas públicas que permitam que suas contribuições sejam aproveitadas.

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