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Mestre em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina e doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP.

PEC Kamikaze expõe covardia do Senado

Enquanto a maior preocupação dos políticos for a perpetuação no poder, continuaremos atolados em um lamaçal de pobreza e populismo

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Você prefere estar certo ou ser feliz? "Feliz" no sentido de agradar a audiência e evitar embates para obter ganho ou prazer. Pessoas corajosas preferem estar certas. Políticos brasileiros preferem ser felizes. E o que faz o político brasileiro feliz? Ganhar eleição. Comprovamos isso com a votação da PEC 1, apelidada de "PEC Kamikaze".

Painel eletrônico do Senado exibe resultado da votação da PEC Kamikaze - Waldemir Barreto - 30.jun22/Agência Senado


A PEC libera a ampliação de bilhões em gastos do governo para auxílio aos mais pobres. Parece bonito na teoria, mas, na prática, não passa de estratagema eleitoreiro para furar o teto de gastos. A médio e longo prazos, compromete-se o futuro das contas públicas, gerando desconfiança de investidores, aumento do dólar, dos juros e da inflação.


Mas temos uma oposição para barrar essas medidas tresloucadas, certo? Errado. Apenas um senador votou contra e 72 votaram a favor, incluindo a bancada do PT. Lula disse em vídeo que a medida é eleitoreira, mas aprovou. Dissonância cognitiva como método de propaganda política: o PT afirmou que foi uma vitória, já que senadores reclamaram da proposta, mas, sabe-se lá por qual motivo, votaram a favor.


Nós sabemos o motivo: ganhar eleições. Ninguém quer ser tachado de ter votado contra uma medida para ajudar pobres —já que a maioria da população entende patavinas de economia. Enquanto a maior preocupação dos políticos for se perpetuar no poder, o Brasil continuará na lama, obrigado a escolher entre o populista de direita e o de esquerda nas eleições.


Na série "The Crown", a personagem da rainha Elizabeth critica a primeira ministra Margaret Thatcher por fazer inimigos na direita, no centro e na esquerda. Mas Thatcher diz que isso não é demérito, é uma honra, e cita um poema de Charles Mackey: "Quem se misturou na briga do dever, deve ter feito inimigos. Se não tem nenhum, pequeno é o trabalho que fez. Você nunca virou o errado para o certo. Você foi um covarde na luta". Hoje, sabemos, temos 72 senadores covardes, que preferiram estar felizes em vez de fazer o certo.

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