Observe com atenção esse espécime com o buço por fazer, devorando uma cumbuca de gelatina de uva enquanto assiste à transmissão ao vivo da CPI da Covid na TV Senado. Essa é a mulher-solteira-heterossexual-no-Brasil-pandêmico-governado-por-Bolsonaro-em-2021.

Uma espécie obrigada a se adaptar a um ambiente inóspito, repleto de predadores e perigos. Que precisa arriscar a própria vida por um mero, muitas vezes insatisfatório, ritual do acasalamento.

Um ritual cujo objetivo não visa a reprodução da espécie e sim a manutenção da saúde mental, antes que ela comece a nutrir pensamentos impuros envolvendo o senador Renan Calheiros.

Importante ressaltar que estamos falando de um espécime com capacidade cognitiva para seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde, que respeita o distanciamento social, evita aglomerações e sai de casa apenas quando necessário.

A ideia de um encontro sexual seguindo todos os protocolos de segurança sanitária já parece bastante complexa. Mas vamos dar um passo para trás e analisar uma etapa igualmente desafiadora: a escolha do parceiro.

Eis que, após uma longa estiagem na companhia de seus brinquedos sexuais, esta fascinante criatura toma a iniciativa de se lançar à savana algorítmica dos aplicativos de paquera.

O que ela não sabe é que uma breve incursão por este cardápio humano já é suficiente para perder o apetite. OK, digamos que ela sobreviva a esse massacre da libido e consiga se interessar por alguém.

O mais importante nessa fase é descobrir se ela está lidando com um negacionista e/ou psicopata. Sendo que a única fonte de informação que ela possui sobre sua presa são as redes sociais. Ou seja, mentiras.

É claro que ele vai dizer que se protege, que vai votar no Lula em 2022, que só se permite alguns exercícios ao ar livre de manhã. Não chega a ser um soneto, mas era exatamente o que ela gostaria de ouvir. O problema é que ele não tem provas, apenas convicção.

Mais um agravante: a ifoodização dos encontros, que agora são marcados em casa, no melhor estilo delivery. Para uma mulher, uma brincadeira mais arriscada do que roleta-russa.

É quando nossa guerreira se dá conta de que não adianta exigir um PCR ou acender uma vela para seu anjo da guarda. Vale mais a pena acompanhar a CPI da Covid e torcer por seus resultados. O Renan Calheiros nem é tão ruim assim, vai...