Siga a folha

Roteirista e escritora, é criadora da série 'As Seguidoras' e trabalha com desenvolvimento de projetos audiovisuais

Chá de revelação

Diz o pai: Eu sabia! É menino, porra! Vasco!

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Madrinha: Chegou o grande momento do nosso Chá de Revelação. Como vocês sabem, fui escolhida para receber o resultado dos exames. Sei que minha irmã já deve estar de saco cheio das pessoas perguntando: "É menino ou menina?". Então vou direto ao ponto. Agora, a mamãe e o papai vão morder ao mesmo tempo os seus cupcakes e a resposta vai ser a cor do recheio. E aí, preparados?

Os pais já vão levando o cupcake à boca quando…

Madrinha: Calma, não morde ainda não, deixa eu explicar melhor. Se o recheio for rosa, é menina, se for azul é menino. Se for roxo, é não binárie, ou seja, não é menina nem menino. Se for roxo e verde, é gênero queer, um gênero não normativo. Cinza é agênero, sem gênero definido. Se for rosa e roxo, é gênero fluido, um gênero que muda de vez em quando. Amarelo é demigênero, que se identifica em parte com um gênero, mas não totalmente. Azul e vermelho é andrógine, que tem características do gênero masculino e feminino. Se for rosa e vermelho, transfeminine. Azul e roxo, transmasculine. Verde é transneutre. Cinza, azul e rosa é intergênero, um gênero só para pessoas inter-sexo. Branco e azul é gênero-estrela, um gênero que não se enquadra em definições. Furta-cor é pangênero, uma combinação infinita de gêneros. Azul e rosa, bigênero. Amarelo, azul e rosa é trigênero. Cores do arco-íris é poligênero.

Ilustração de Silvis para coluna de Manuela Cantuária de 17 de abril de 2023 - Silvis

Não se sabe ao certo quanto tempo se passou. As bexigas murcharam, o pai barbudo como um náufrago, a barriga da mãe imensa. A família racionando brigadeiros para sobreviver, enquanto a madrinha continua sua lista.

Madrinha: Se for branco, é gênero-nulo. Amarelo e preto é egogênero, um gênero pessoal, único e exclusivo da pessoa. Rosa-bebê e amarelo pastel é gênero-fofo, um gênero baseado em fofura. Se for preto, gênero-vago. Fúcsia é ciclogênero, um gênero que muda de acordo com o ciclo menstrual. Se o recheio for creme com flocos de chocolate é ilusogênero, um gênero que pode estar iludindo a si próprio e aos outros. E se for laranja é gênero-fogo, alguém que tem um gênero em constante mudança, como uma chama. Pronto, podem comer os bolinhos!

O cupcake, infelizmente, já apodreceu. Um choro de bebê irrompe no salão. A mãe já havia entrado em trabalho de parto, auxiliado por uma tia dermatologista. O pai, emocionado, comemora.

Pai: Sabia! É menino, porra! Vasco!

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas