Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Descrição de chapéu Governo Lula Chuvas no Sul

Lula amarra governo ao longo processo de recuperação do RS

Evento e criação de secretaria tiveram objetivo de reformular a mensagem sobre a participação na crise

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Brasília

Lula amarrou seu governo no longo processo de recuperação do Rio Grande do Sul após as chuvas. A terceira ida do presidente ao estado e a criação de uma autoridade para gerenciar a resposta federal à crise tiveram as cores de um lance político, com todas as suas oportunidades e todos os seus riscos.

O presidente havia cobrado de assessores a organização de uma viagem que não ficasse restrita a gabinetes para assinar acordos e repasses de dinheiro. Pediu para visitar um abrigo e comandou uma espécie de comício povoado pela claque de um prefeito aliado.

O objetivo era reformular a mensagem sobre a participação do governo federal e sobre seu próprio envolvimento na crise. Lula reforçou a ideia de parceria com governantes de outros partidos, anunciou cofre aberto para o estado e tentou estabelecer uma identificação com as vítimas ("eu tenho noção do que essas pessoas estão passando").

Os 40 minutos de discurso talvez tenham sido longos demais. Sobrou tempo para cutucar militares que participaram do governo Jair Bolsonaro, soltar um palavrão ao reclamar do preço do arroz e encerrar com uma desnecessária declaração de que voltava para casa feliz.

O presidente Lula (PT) em cerimônia de anúncio de medidas de ajuda ao Rio Grande do Sul, no município de São Leopoldo (RS) - Pedro Ladeira/Folhapress

A nomeação de Paulo Pimenta para uma secretaria extraordinária que cuidará do estado fez parte do mesmo pacote. Lula escolheu um gaúcho que despachava dentro do Palácio do Planalto para receber as demandas dos prefeitos do estado e organizar as respostas dos ministérios, podendo telefonar para o presidente quando for preciso.

Até aí, a escolha de um político faz sentido, já que a função é mais de articulação do que de execução. Os problemas são a predileção de Pimenta pelo embate com a oposição e suas aspirações eleitorais no Rio Grande do Sul. Se o estado for mais palanque do que canteiro de obras, a população vai perceber.

É comum que presidentes flertem com a onipotência, por propaganda ou por convicção. Seu poder é posto à prova em situações assim.

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