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Fernando de Noronha veta descartáveis

Financiamento de cervejaria e atuação de empresa de inovação dão apoio à iniciativa

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Alçada ao noticiário recentemente por uma das indignações midiáticas do presidente brasileiro contra inimigos inventados por ele mesmo, a ilha de Fernando de Noronha está vendo os primeiros resultados de um projeto de redução radical de plásticos descartáveis. 

Praia do Americano, Fernando de Noronha - Autarquia Territorial Distrito Estadual de Fernando de Noronha

Em 11 abril, entrou em vigor o decreto Noronha Plástico Zero, que proíbe a entrada, o uso e a comercialização de garrafas de bebidas com menos de 500 ml, canudos, copos, talheres e sacolas de supermercado, além de isopor e  objetos de materiais como polietilenos, polipropilenos ou similares.

O decreto deve ser cumprido por bares, restaurantes, quiosques, ambulantes, hotéis, embarcações, pousadas e também pelos 3.500 moradores e mais de 100 mil visitantes que passam pela ilha anualmente.

O projeto recebeu no mês passado apoio do Grupo Heineken, com aporte de R$ 1,5 milhão, para conduzir as etapas do plano, em parceria com as empresas Menos 1 Lixo e Iönica.

Além da instalação de um centro para ações educativas e formação de lideranças locais que possam difundir a campanha, os moradores e os turistas devem receber kits com itens não descartáveis, como forma de incentivo ao cumprimento do decreto. 

O projeto também deve dar um up grade no sistema de coleta e moagem do vidro de garrafas consumidas e descartadas na ilha. Só de bebidas da Heineken, segundo a cervejaria, são 45 mil litros por mês.

Hoje, a máquina tem capacidade para moer apenas 30% do que gera de garrafas que são consumidas na ilha. Com o projeto, deve conseguir dar conta da totalidade ainda este ano, segundo Guilherme Rocha, administrador de Fernando de Noronha. O pó é usado como ingrediente de uma massa para construção.

 “No dia da aprovação do decreto já começou a campanha com as escolas, associações de pousadas, conselheiros distritais, empreendedores e empresários do local. A população de Noronha já tem uma preocupação grande com o meio ambiente”, afirma Rocha.

Para dar a largada, a administração gastou cerca de R$ 100 mil, com a confecção de uma ecobag de pano, com um copo reutilizável com a marca da campanha e um canudo de metal.

“A população oficial é de 3.500 e a visitação é de 8.000 turistas em média por mês”, diz Rocha, que está há um ano na posição de administrador.

A fiscalização é feita por agentes de vigilância sanitária da vigilância ambiental, que somam 20 pessoas.

“Achamos que está havendo conscientização, o que é muito importante. O mais importante é educar, entrar na consciência das pessoas No primeiro mês, foram apreendidos 350 kg de plástico. No segundo, já caiu para 5 kg”, afirma Rocha.

“Precisamos avançar muito mais em infra e gestão sustentável, mas queremos dar um passo de cada vez. Temos um plano de gestão sustentável em vários passos. Queremos zerar as emissões, ser Noronha carbono zero. Até 2030, tirar da ilha carros com combustíveis e deixar apenas os elétricos."

No início do segundo semestre, será implantada coleta seletiva na ilha, com instalação de 30 postos de entrega voluntária, os PEVs. Hoje existem porta-bitucas nos pontos de ônibus. Elas são recolhidas pela empresa de limpeza e levadas para um aterro no continente.

Para Wagner Andrade, diretor de inovação no Menos 1 Lixo, o projeto de Noronha é uma oportunidade de conceber e aplicar uma política pública junto com a comunidade, incluindo população, comerciantes  e turistas. 

 “Consideramos que é um caso de inovação socio-ambiental que abarca infraestrutura, educação e comunicação. Vamos ter capacitação de lideranças, com bolsa auxílio, e criar alternativas reais de uso com copos, canudos e bolsas de pano”, conta Andrade.

O projeto com as empresas de inovação dura até 2022. O do Grupo Heineken, por enquanto, até maio de 2020.

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