Siga a folha

Matemática por toda a parte na literatura

O argentino Jorge Luis Borges também se interessou pelo assunto

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Em 2002, assisti no Rio de Janeiro a uma ótima produção da peça "A Prova", do dramaturgo norte-americano David Auburn (1969). A atriz Andréa Beltrão ganhou o Prêmio Shell daquele ano por sua personificação da protagonista, Catherine, filha do professor universitário e matemático prodígio Robert, recentemente falecido.

Um aluno de Robert encontra numa gaveta do professor a prova de um teorema espetacular sobre números primos, e Catherine se vê compelida a investigar quem é o autor e se a prova está correta ou não. Reacende assim o receio de seguir os passos do pai, tanto na carreira científica quanto na doença mental que o levara à morte.

O segundo volume da trilogia "Millenium", de Steig Larsson, faz uma curiosa metarreferência à matemática. A protagonista, Lisbeth Salander, desenvolve uma fascinação pelo Teorema de Fermat a partir da leitura de "Dimensões em Matemática", de L. C. Parnault, publicado pela Universidade Harvard em 1999.

Parnault conta que, em 1637, Pierre de Fermat escreveu na margem de um livro que tinha "uma prova realmente maravilhosa" do fato de que a equação xn+yn=zn não tem soluções inteiras positivas quando o expoente n é maior que 2, "mas a margem é demasiado estreita para a conter". A prova só foi descoberta, pelo inglês Andrew Wiles, em 1993.

Capa do livro "O Último Teorema de Fermat", de Simon Singh - Divulgação

Mas Lisbeth fica insatisfeita. Fermat não poderia ter encontrado a prova de Wiles, porque boa parte dessa matemática ainda não fora descoberta no século 17. De repente, ela tem uma revelação: entenderam errado; a frase de Fermat era sobre outra coisa, uma charada! "Não espanta que os matemáticos tenham estado arrancando os cabelos", diverte-se.

O romance despertou enorme interesse pelo livro de Parnault, que "apresenta todo o conhecimento humano alcançado pela humanidade, conduzindo tanto o matemático profissional quanto o leigo pelos mais profundos mistérios da matemática". A tal ponto que a editora da Universidade Harvard se viu obrigada a informar que, "se a memória não nos atraiçoa, nunca publicamos tal livro".

A obra do argentino Jorge Luis Borges (1899–1986) está também repleta de referências matemáticas. Uma das minhas favoritas é a "Biblioteca de Babel", "composta de um número indefinido, e talvez infinito, de galerias hexagonais com vastos poços de ventilação". Em seus espaços estão todos os livros, em todos os idiomas, não havendo dois livros idênticos. Muitos não passam de meras combinações de letras sem sentido. Como encontrar, entre esses, as obras preciosas que revelam os segredos do Universo e da humanidade?

Mas, no que tange à presença da matemática na literatura, o caso mais surpreendente talvez seja o de "Moby Dick", de Herman Melville. Fica para a semana que vem.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas