Jornalista foi repórter da Ilustrada, correspondente em Londres e editor de Fotografia.
A intervenção dos profissionais
Medida foi anunciada antes que o interventor tivesse um plano estruturado
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Em um ano de eleição, num Rio apavorado pela criminalidade, um candidato surgiu prometendo acabar com a violência da cidade em seis meses. Seu nome: Wellington Moreira Franco.
Isso aconteceu em 1986, na primeira eleição em que a segurança pública se tornou o tema dominante na campanha. Era a época do governo de Leonel Brizola, acusado de ser leniente com o crime e de ter desmantelado as polícias fluminenses. O peemedebista Moreira Franco venceu o brizolista Darcy Ribeiro e, ao fim de cinco anos de mandato, tornou-se um dos governadores mais impopulares que o Rio tivera até então.
Os principais índices de violência pioraram durante seu governo —os homicídios aumentaram, assim como os roubos e furtos. Mais do que isso, a truculência policial e a ação de grupos de extermínio, notoriamente na Baixada Fluminense, tornaram-se notórias.
Mais de três décadas depois, o agora ministro Moreira Franco é um dos artífices da intervenção decretada no Rio. Não é mais um amador, como fez questão de frisar em entrevista à Marina Dias, nesta Folha. Em vez de seis meses, vai trabalhar com um prazo de dez. "Temos que dar algum tempo ao interventor, que está trabalhando na estruturação de um plano e, evidentemente, vamos ter resultados positivos porque foi uma decisão técnica", disse o ministro.
Chama a atenção, nessa decisão técnica tomada por profissionais da política, que ela tenha sido anunciada antes que o interventor tivesse de fato um plano estruturado. Os efeitos foram imediatos: com a segurança do Rio acéfala —o ex-secretário estadual renunciou e o interventor militar não assumiu—, uma rebelião estourou em presídio. Ainda coisa pequena, comparada ao estrago possível.
Mas fiquem tranquilos os fluminenses. A intervenção não está a cargo de amadores.
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