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Jornalista foi repórter da Ilustrada, correspondente em Londres e editor de Fotografia.

Descrição de chapéu

Estado sai, milícia entra

É bom que milicianos sejam presos, mas origem do problema também deve ser atacada 

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Entre as diversas críticas que a intervenção federal no Rio recebeu em seu primeiro mês, uma das principais dizia respeito à falta de combate às milícias: várias operações haviam sido feitas, nenhuma em área de milicianos.

Depois do assassinato de Marielle Franco e de Anderson Gomes —crime com características de execução comandada por milicianos, como as investigações vêm mostrando—, a pressão sobre os interventores atingiu níveis internacionais. E, no último dia 7, veio a resposta.

A operação Medusa prendeu 149 suspeitos de envolvimento com a maior milícia do Rio. Apreendeu também 12 fuzis, 19 pistolas, granadas, munição e 15 veículos roubados. Durante a ação, quatro homens morreram em troca de tiros com a polícia.

“A intervenção federal começa a apresentar resultados expressivos”, comemorou o atual secretário de segurança, general Richard Nunes. “Esses últimos gestos do fenômeno interventivo da semana passada foram preciosos para o Rio e para o país”, disse o presidente Temer.

Em vez dessa marquetagem hiperbólica, uma postura cautelosa seria mais recomendável. Entre os 149 presos, há dezenas sem antecedentes, cujo único crime foi o de estar num show em que também estavam criminosos. O chefão miliciano que a operação visava conseguiu fugir.

Na última década, foram presos cerca de 1.300 milicianos no Rio. O efeito disso nas milícias? Nulo: no mesmo período, o número de áreas dominadas pelos paramilitares passou de 41 para 88 favelas, segundo levantamento do Ministério Público revelado pelo jornal O Globo.

É bom que os milicianos sejam presos, não há dúvida. Mas a mão de obra para as milícias é infinita. Ou ataca-se a origem do problema —a ausência do Estado em áreas pobres— ou esse será apenas um outro tipo de gelo para enxugar.

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