Siga a folha

Economista, ex-presidente do Insper e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (2003-2005, governo Lula)

Descontrole

Grupos organizados buscam se aproveitar do tumulto para resolver problemas que nada têm a ver com a crise

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Nesta fase difícil, pedidos de ajuda importantes são feitos para combater a pandemia e seus efeitos colaterais.

Inevitavelmente, porém, grupos organizados buscam se aproveitar do tumulto para resolver problemas que nada têm a ver com a crise, às custas do país.

A prioridade deve ser os gastos com saúde e com os grupos afetados pelo necessário distanciamento social. São indispensáveis recursos e técnica para transferir renda para os grupos vulneráveis, o que em um país com alta informalidade não será tarefa fácil, apesar do cadastro único.

As políticas para apoiar empresas e empregos também enfrentam imensos desafios. Há pequenas empresas fora do sistema tradicional de crédito. Deve-se ter cuidado para evitar o oportunismo usual de corporações que tentam compartilhar o benefício de crédito subsidiado.

Todos ficamos mais pobres, ao menos temporariamente. O que pode ser feito é minimizar as perdas dos grupos vulneráveis. Aqueles que conseguem sobreviver aos próximos meses, apesar dos prejuízos, devem fazê-lo sem onerar o governo, pois o aumento da dívida pública nos custará mais à frente.

As propostas mais preocupantes têm vindo de governadores. O Plano Mansueto está sendo remendado para transferir imensos benefícios para estados que não fizeram seu dever de casa.

Não é aceitável se aproveitar deste momento para empurrar para a sociedade os custos de anos de desequilíbrio. O Congresso já garantiu que as transferências para os estados e municípios não serão reduzidas durante a crise, apesar do país mais pobre.

Os governadores, porém, querem mais, como novas linhas de crédito, suspensão temporária do limite de despesa com pessoal e do pagamento das dívidas com a União, parcelamento dos precatórios até 2040, entre outros.

Em muitos países, os efeitos da crise são graves, mas vão passar e eles poderão voltar à normalidade, ainda que com uma dívida pública maior. Pelo andar da carruagem, aqui a degradação será mais severa.

Corremos o risco de terminar com uma dívida pública maior do que o necessário para cuidar da crise, o que resultará em prejuízos adicionais para o país nos próximos anos.

Além disso, a desorganização do setor produtivo ocasionada pela proliferação de liminares para interromper o pagamento de fornecedores, aluguéis e empréstimos pode comprometer a nossa economia e deixar sequelas que tornarão bastante difícil a recuperação.

Uma proposta. O Congresso apenas deveria aprovar, neste momento, gastos temporários e destinados exclusivamente aos programas de saúde pública e à mitigação dos efeitos colaterais da crise. Tudo o mais deveria ser vetado.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas