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Marketing invasivo soterra consumidores de e-mails e notificações

Bons exemplos são os apps que oferecem descontos em produtos que são comprados com mais frequência

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A multiplicação dos aplicativos e sites de prestação de serviços –que vendem de passagens de ônibus a lanches– criou novas formas de pressão sobre o consumidor. Tornou-se comum receber "cobranças" dos apps, quando ficamos muito tempo sem comprar. Recebemos, por exemplo, notificações como "onde você está, sumido" e "ficamos com saudade". Descontos seriam mais efetivos do que esta marcação sob pressão para atrair os clientes de volta. E esse bombardeio mostra como é tênue a fronteira entre marketing persuasivo e invasivo.

Nada contra as iniciativas de empresas, muitas delas que quebram paradigmas de negócios com alta tecnologia, inventam ofertas, condições de pagamento e outras facilidades para ativar o consumo. Mas estes movimentos se tornam inconvenientes com o envio indiscriminado de propostas, que às vezes se sobrepõem, disparadas por diversas fontes.

Além disso, multiplicam-se e-mails que oferecem exatamente o mesmo serviço, sem mudança de condições nem de preços.

Tornou-se comum receber 'cobranças' dos apps, quando ficamos muito tempo sem comprar - Gabriel Cabral/Folhapress

Há desafios comerciais e metas a serem batidas, evidentemente, o que estimula o disparo de mensagens. O que mais desagrada os "alvos" (nós) é constatar que as promoções nem sempre são úteis para o cliente.

Lojas online oferecem descontos, mas nem sempre indicam a limitação da numeração e da cor. Só percebemos depois que clicamos e quase finalizamos as compras. Os telefones de contato são difíceis e quase sempre indisponíveis para dúvidas.

A passagem aérea baratíssima, muitas vezes, só está disponível em determinados dias e horários que não nos interessam. E raramente permite viajar para onde realmente se deseje, pois as rotas mais procuradas não costumam ter bons descontos.

Há quem justifique tais ações com o argumento da fidelização do cliente. É difícil entender, contudo, como ser fiel a quem lhe faça perder muito tempo limpando a caixa de entrada de e-mail, ou notificações do smartphone. E como são enviadas para mailings muito amplos, é comum que divulguem produtos que nem de longe nos interessem.

Se isso for uma boa estratégia de vendas, que me desculpem os profissionais que as criaram. Mas não consigo ver luz neste túnel.

Há maneiras de realmente cativar o cliente por meio de aplicativos. Bons exemplos são os apps de supermercados, que nos oferecem descontos nos produtos que compramos com mais frequência. É um mapeamento inteligente de histórico de compras, que se reverte em economia para o cliente. Da mesma forma, seria bom que a companhia aérea nos enviasse promoções nas rotas que mais utilizamos em férias ou a trabalho.

Como tudo na vida, a tecnologia como instrumento para gerar negócios pode importunar ou facilitar nosso dia a dia. Algoritmos permitem atendimento mais personalizado e na periodicidade adequada. Basta ter bom senso.
 

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