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Jornalista e roteirista de TV.

Puta não é xingamento

Deixem as vadias, vagabundas em paz, longe das discussões sobre a nojeira desse governo

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Puta é o "xingamento" preferido de 9 entre 10 pessoas que acreditam ser a pior forma de tratamento a que uma mulher possa ser submetida. Puta e suas variantes enchem os espaços de comentários e de mensagens privadas das redes sociais de feministas, jornalistas e outras pessoas públicas. Como se isso fosse abalar suas dignidades.

Falo com conhecimento de causa. Resolvi usar a primeira coluna do ano para deixar claro que puta só é xingamento na cabeça dos trogloditas que não perceberam que estamos no século 21. Falo especificamente dos bolsonaristas que apelam a essa retórica para defender o "seu presidente". Recentemente disse que Bolsonaro é um genocida. Fui chamada de puta dezenas de vezes.

Esse pessoal precisa se esforçar mais para ofender. Puta é profissão. E a única coisa errada é que ela deveria ser regularizada e garantir segurança financeira e física a quem decide viver dela.

A revolução sexual aconteceu há décadas, o corpo feminino não é mais legislado (ao menos oficialmente) por essa sociedade patriarcal e o caráter de ninguém pode ser definido pela quantidade de parceiros. Muito menos pelo fato de o sexo ser feito em troca de dinheiro.

Infelizmente, a maioria das mulheres ainda cai na armadilha de se ofender quando tratada assim. Não percebe o próprio preconceito por uma classe desprezada e marginalizada. Acaba por reforçar o discurso de moralidade que há por trás desse tipo de ataque. Não entende que despreza a liberdade sexual feminina duramente conquistada por todas nós.

Não adianta defender direitos individuais, autonomia do corpo feminino, mas se ofender ao ser comparada a uma puta, como se sua atividade fosse imoral e seu comportamento passível de crítica.

Por fim, deixem as putas, as vadias, as vagabundas em paz, longe das discussões sobre a nojeira desse governo. E, sim, Bolsonaro é um genocida.

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