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Jornalista e roteirista de TV.

O IBGE esteve aqui em casa

Doze anos de espera e eu caio no questionário 'simplificado'; quero mais

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Quando soube que o pesquisador do IBGE estava à minha porta, fiquei feliz como nem me lembro quando. Uma alegria pueril só compreendida enquanto preparava um café para a visita esperadíssima. Tive a sensação de que ainda existimos como país. Quase fiz uma dancinha ao voltar da cozinha, enquanto equilibrava as xícaras. O IBGE! Aha! Uhu!

Funcionários do IBGE no primeiro dia do Censo 2022, na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli - 1°/.ago.2022/Folhapress

Com dois anos de atraso, esta terça (2) foi o primeiro dia de trabalho de Rogério, e a minha casa foi a segunda a ser mapeada por ele, o que me deu a sensação de ser uma pessoinha muito especial, mesmo que a previsão seja de que os 75 milhões de domicílios no país recebam um recenseador. Nem me lembrava como se escreve recenseador.

Rogério perguntou nome, data de nascimento, como é o abastecimento de água, o descarte do esgoto, a coleta de lixo, etnia, estado civil. E eu devolvia questões sobre o recrutamento, treinamento, autodeclaração. Ele contou que as provas foram feitas pela "GV" (Fundação Getulio Vargas) e a capacitação levou uma semana, com jornada das 8h às 17h.

A média salarial do responsável da casa foi a questão seguinte. Sim, é preciso eleger o chefe da família. Talvez eu esteja sendo feminista demais, mas no IBGE de 2010, solteira, eu era chefe de família, agora passei a agregada, mesmo que tenha participação na economia da casa.

Rogério quis saber se eu e meu marido sabemos ler e escrever. E só. Isso mesmo, nada de perguntar sobre religião, migração interna, veículo, geladeira, celular. Doze anos de espera e eu caio no questionário "simplificado" do Censo 2022. O recenseador terminou as perguntas antes de o café chegar ao fim. Fiquei com gostinho de quero mais. Queria bater papo, falar mais do Brasil, dos brasileiros, dos nossos problemas.

Na saída, ele contou que meu vizinho de porta não o recebeu. Falei, "deve ser bolsominion". Ele sorriu com força. Gritamos #forabolsonaro. Mentira, só pensamos, mas é o que importa.

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