Jornalista e roteirista de TV.
O bolsonarismo e a censura do vermelho
Pela lógica deles, meu esmalte preferido se chamaria 'Comunistona Piranha'
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Jornalistas da RicTV, afiliada da Record no Paraná, teriam sido proibidos de usar vermelho no trabalho, segundo o Sindicado dos Jornalistas do Norte do estado. A entidade acusa a emissora de ter demitido uma apresentadora que, além de ter cometido o pecado de usar a cor censurada, teria se envolvido numa confusão com o deputado bolsonarista Felipe Barros --e ele teria pedido sua cabeça. Um democrata...
Não é a primeira vez que a Record aparece no centro de uma polêmica que envolve a escala Pantone. Uma participante de "A Fazenda" teria sido vetada de aparecer na estreia do reality com roupas vermelhas. Talvez seja o que resta ao bolsonarismo, tentar barrar a vitória de Lula prometendo asilo aos padres da Nicarágua, como fez Bolsonaro na ONU, ou interceptando o que eles devem considerar comunicação semiótica de guerrilha. Agora vai.
O vermelho é a cor do PT desde a fundação do partido, associado à esquerda revolucionária, mas é também da direita americana, que adotou a cor por uma questão midiática. Na década de 1990, os canais de TV passaram a associar republicanos e democratas ao vermelho e ao azul para facilitar a visualização nos mapas ilustrativos eleitorais. Só isso.
Além das referências políticas, estou para conhecer cor mais capitalista, marca registrada da Ferrari, do McDonald's, da Netflix, da Time, da Marvel e da Coca-Cola. Escrevo este texto com as unhas vermelhas. Um vermelho bem "cheguei", batizado de "Tapete Vermelho" pela indústria do esmalte, a mais criativa para dar nomes aos produtos. Costumo variar entre "40 Graus", "Vermelho Ivete" e "Big Apple Red". Por que ninguém pensou em "Che", "Praça Vermelha", "Comunistona Piranha"?
É minha cor preferida. Meu carro era vermelho, tenho móveis vermelhos, acabo de pintar a porta do elevador do meu andar com uma tonalidade cabine telefônica londrina. Se pensarão que isso significa "fora, Bolsonaro", tudo bem.
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