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Datafolha: Boulos (24%) e Nunes (23%) mantêm empate na corrida eleitoral de São Paulo

Coach Marçal embola disputa no segundo pelotão em cenários com e sem Datena e Kim

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São Paulo

A corrida pela Prefeitura de São Paulo segue em empate técnico na liderança em dois cenários testados pelo Datafolha. No mais completo, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) tem 24%, enquanto o prefeito Ricardo Nunes (MDB) marca 23%.

Sem o apresentador José Luiz Datena (PSDB) e o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil) na disputa, as posições se invertem apenas numericamente, com 26% a 24% para o atual titular do cargo.

É o que aponta o instituto em seu mais recente levantamento, realizado na segunda (27) e na terça (28) com 1.092 eleitores da maior cidade do país. A margem de erro é de três pontos para mais ou menos. O trabalho foi contratado pela Folha e está registrado na Justiça Eleitoral sob o número SP-08145/2024.

Na justaposição de imagens, o deputado Guilherme Boulos (PSOL) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB)
Na justaposição de imagens, o deputado Guilherme Boulos (PSOL) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) - Mathilde Missioneiro - 7.dez.2023 e Karime Xavier - 14.jun.2021/Folhapress

A pesquisa traz uma paleta de candidatos diferente daquela realizada em março —não havia o nome de Datena, do coach Pablo Marçal (PRTB) e de nanicos. Logo, não são comparáveis diretamente, ainda que a rodada anterior também tenha aferido um empate entre os atuais líderes, mas com intenções de voto superiores.

No cenário com Datena e Kim, há um grande empate no segundo pelotão. Nele estão o apresentador recém-filiado ao PSDB (8%), a deputada federal Tabata Amaral (PSB, 8%) e Marçal (7%). Em um patamar numérico pouco abaixo vêm Marina Helena (Novo) e Kim, ambos com 4%.

Já a lanterna é ocupada por João Pimenta (PCO), Fantauzzi (DC), Ricardo Senese (UP) e Altino (PSTU), todos com 1%. Declaram votos em branco ou nulo 13%, e 5% não opinaram.

O segundo cenário leva em conta o histórico de desistências, quatro ao todo, de Datena, e o fato de que dificilmente Kim terá a legenda da União Brasil, cujo principal cacique é o mais influente aliado do prefeito Nunes, o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite.

Nele, além da troca numérica na primeira posição, aparecem embolados Tabata e Marçal com 9%, Marina Helena com 6%, Pimenta com 3% e os restantes, com menos de 1%. Os brancos e nulos oscilam para 15%, assim com vão a 6% os que não querem opinar.

Nesse cenário sem Datena e Kim, Nunes é o principal beneficiado entre os líderes: herda 26% dos votos do apresentador e 24%, do deputado. Marçal fica com 27% dos votos do nome da União Brasil, dos quais 26% migram para branco e nulo (são 21% entre os eleitores do pré-candidato do PSDB).

Na pesquisa espontânea, quando o eleitor não vê a lista de candidatos, o cenário é de estabilidade ante março. Boulos surge com 13%, ante Nunes com 9% —sem ter o nome citado, 3% falam em votar no atual prefeito. Datena, Marçal e Tabata têm 1%.

A inserção de Datena e de Marçal impactou o cenário geral, drenando apoio dos líderes da disputa, mas considerando as hipóteses de deserção ou de apoio a Tabata por parte de Datena, o foco político mais imediato se volta ao coach.

Marçal, que até abril não era um nome cogitado, poderá ser uma moeda de pressão de partidos ligados ao bolsonarismo, como o PL, para fazer subir o preço do apoio a Nunes —como temem os estrategistas do prefeito.

Líderes da sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outras agremiações têm se queixado do que consideram salto alto do prefeito na disputa, pela indecisão acerca de sua vaga de vice.

O coach alcança seus melhores índices entre quem votou em Bolsonaro em 2022 (14% no cenário completo, 17% no segundo) e entre quem avalia mal o governo Lula (PT) (16% e 18%, respectivamente). Outros segmentos em que ele tem desempenho superior à média é entre jovens de 16 a 24 anos (11% da amostra do Datafolha) e evangélicos (28% dos ouvidos).

Já o prefeito manteve o perfil de seu apoio, sendo visto como opção principal por quem votou em Bolsonaro (39% no cenário completo) e por quem aprova sua gestão (49%). Sua intenção cai entre os mais jovens (13%) e mais ricos (14% entre os 6% que declaram ganhar mais de 10 salários mínimos).

Para Boulos, a eventual manutenção da candidatura Marçal, no caso de os índices se estabilizarem, é boa notícia pois cria uma cunha no eleitorado bolsonarista namorado por Nunes.

O pré-candidato do PSOL, por outro lado, tem seu próprio dreno relativo na figura de Tabata e, mesmo com o presidente Lula recebendo ameaça de multa por fazer campanha eleitoral antecipada para ele, não viu o deslanche desejado por aliados.

O problema principal para ele, avaliam adversários e apoiadores, é a pecha de radical decorrente de seus anos como líder do MTST, o movimento dos sem-teto associado por muitos na fatia conservadora do eleitorado paulistano com invasão de casas e baderna urbana.

Na tentativa de ampliar sua coligação esquerdista, Boulos aceitou abrigar até o PMB de um antigo aliado de Bolsonaro, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub. Busca lembrar de gestões passadas do PT, como o de sua vice Marta Suplicy (2001-04) e de Fernando Haddad (2013-16) —mesmo com a impopularidade e derrota em primeiro turno do hoje ministro da Fazenda na tentativa de reeleição.

Essa procura por votos da periferia, de resto uma marca de Nunes e Tabata, não pagou dividendos para Boulos. Ele tem intenção na média nas regiões sul (26% numa área com 30% da amostra) e leste (21% entre os 34% ouvidos daquela zona), e desempenho abaixo entre os 43% mais pobres (14%) e os 20% menos instruídos (14%).

Na via inversa, alcança melhores índices na rica zona oeste, 38%, mas a região só tem 8% do eleitorado. O mesmo ocorre no centro, sua base eleitoral presumida pela ação do MTST, com 35% de intenção, mas apenas 3% dos ouvidos. Boulos vai melhor entre os mais ricos (42% entre os que ganham mais de 10 mínimos, 37% entre os 10% com renda de 5 a 10 mínimos) e mais instruídos (37% nos 34% com ensino superior).

O cenário do Datafolha com Datena também mantém Tabata estacionada, ainda que tenha havido um lançamento de sua pré-candidatura e o investimento do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), em sua equipe, com a chegada de nomes associados ao tempo em que ele era o longevo governador tucano de São Paulo.

O PSDB tem feito mistério, com lideranças jurando que desta vez, Datena é para valer, negando apoio a Nunes —que foi eleito em 2020 como vice de um tucano, Bruno Covas, morto no ano seguinte. A aproximação do prefeito com o bolsonarismo faz caciques torcerem o nariz e provocou o extermínio da bancada da sigla na Câmara local, que debandou para o governante.

Por fim, a desconhecida Marina Helena segue com citações significativas, ainda que não tão altas com o de todo modo incomparável levantamento anterior. Uma hipótese para tal é uma confusão entre seu nome e o de Marina Silva, a ministra do Meio Ambiente e ex-candidata a presidente.

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