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O filho de Gal Costa, Gabriel, e a suposta viúva, Wilma Petrillo, protagonizam um drama que, infelizmente, trouxe o nome da cantora para os holofotes por uma disputa que envolve herança e acusações. Não tenho interesse em me aprofundar, a única coisa que deveria importar é o legado deixado pela artista fantástica que o país perdeu.
Mesmo à distância é impossível não ler nas entrelinhas do debate público a misoginia, a licença para o exercício do "etarismo do bem". As denúncias que recaem sobre Petrillo questionam sua ética e caráter, mas as críticas mostram como qualquer mulher se transforma num alvo fácil quando sua aparência entra em pauta.
Em entrevista ao Fantástico, a empresária minimiza as acusações e as relaciona à inveja provocada por sua beleza. Pode-se apontar soberba em sua análise simplista sobre o imbróglio que envolve seu nome, mas a reação foi a mais trivial num país em que tudo de ruim é sinônimo de velho. A internet correu para resgatar fotos antigas, há reportagem (?) sobre o furor nas redes que avaliou que Petrillo foi uma mulher bonita. Como se a beleza de outrora fosse o habeas corpus para que possa se defender.
Já disse, juventude é o verdadeiro padrão. Aparentemente, uma mulher não pode se achar bonita aos 77 anos, caso de Petrillo, porque envelheceu. Não pode carregar em seu DNA emocional a imagem que bem entenda. Autoestima na maturidade é pecado quando ainda se relaciona idade à decadência. Pelo visto, uma mulher pode até ter índole duvidosa, mas é menos grave se não tem a aparência da bruxa má, uma velha.
Se faz botox, velha. Se não pinta o cabelo, velha. Se é feminista, velha. Se quer respeito, velha. Se quer ser objetificada, velha. Se tem namorado mais novo, velha. Se é lésbica, velha. Se é mau caráter, velha. Se tem autoestima, velha. Sabemos que só tem voz e vez a novinha. Mas também sabemos que novinha é tudo puta. Não tem escapatória.
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