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Jornalista e crítico de TV, autor de "Topa Tudo por Dinheiro". É mestre em sociologia pela USP.

Descrição de chapéu Emmy

Por que decidi ficar com meus DVDs

Por redução de custos, o streaming tem cortado séries e filmes dos catálogos

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Uma nota pessoal: arrumando a casa, doei cerca de 500 livros e pretendo fazer o mesmo com algumas centenas de CDs que deixava em estantes e gavetas. Só fiquei com os DVDs.

Decidi me desfazer de parte dos meus livros por ter a consciência de que, mal tendo tempo de ler os novos, não vou conseguir ler os antigos uma segunda vez. Ainda conservo centenas de livros que amo e outros tantos de uso profissional.

Sobre os CDs, cheguei à conclusão de que, dada a profusão de plataformas de streaming musicais que existem hoje, não corro o risco de ficar sem ouvir os artistas e as músicas que aprecio.

Reconheço que a decisão de conservar pouco mais de uma centena de DVDs —uma pequena coleção de filmes, séries, novelas compactadas e programas antigos de televisão— é apenas parcialmente racional. Procurando bem, quase todos os títulos que decidi conservar em mídia física são hoje encontrados em plataformas de streaming.

Mas há boas razões para acreditar que determinado filme ou série que eu gosto de rever pode desaparecer de uma hora para a outra de uma plataforma de streaming e não ser mais encontrado em nenhuma outra. Esse tipo de ação tem ocorrido com frequência maior do que você imagina e atinge mesmo programas premiados.

John Oliver com troféus do Emmy pelo programa 'Last Week Tonight' - AFP

É o caso de "Last Week Tonight", o talk show de John Oliver que já ganhou 28 Emmys desde que foi lançado pela HBO, em abril de 2014. Atualmente na 11ª temporada, o programa desapareceu, parcialmente, da plataforma Max. Apenas a temporada atual está disponível. E as três primeiras estão acessíveis gratuitamente no YouTube.

Para desespero de fãs do talk show, como o comediante Ronald Rios, que me alertou para o problema, sete temporadas —da quarta à décima— hoje estão inacessíveis.

O que está acontecendo? Siga o dinheiro.

As plataformas de streaming, em sua maioria, estão tendo dificuldades de operar no azul. Várias estão cortando custos, o que implica em demissões e redução de investimentos. Remover partes do conteúdo ajuda nesse esforço.

Para engordar suas plataformas, todas as empresas pagam taxa de licenciamento pelos direitos de exibição de séries e filmes antigos que pertencem a outras empresas. Uma economia óbvia é a não renovação de contratos desse tipo. É assim que muitos programas queridos deixam de ser oferecidos de um dia para o outro.

Outro custo que se reduz é o pagamento do que os americanos chamam de "residuais", as taxas devidas a atores, roteiristas, diretores e demais elos da cadeia produtiva quando programas de TV e filmes são transmitidos numa plataforma. Há, ainda, vantagens do ponto de vista do imposto de renda com a remoção de conteúdo.

Por tudo isso, a decisão de conservar velhos DVDs em casa não é apenas um traço passadista ou nostálgico. Há alguma racionalidade no gesto.

Público x privado

Como defensor intransigente do direito à privacidade, entendo perfeitamente o cuidado que a família Abravanel vem tendo com a divulgação de notícias sobre o estado de saúde de Silvio Santos. É uma preocupação que não houve em momentos recentes, como o que expôs a imagem do apresentador de pijama e sem a dentadura, em 2022.

Por outro lado, não se pode negligenciar o tamanho do interesse que Silvio desperta. É uma das figuras públicas brasileiras mais conhecidas e queridas. Encontrar um equilíbrio entre a proteção da intimidade e a satisfação à curiosidade pública é o grande desafio da família.

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