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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

Descrição de chapéu petrobras

Subsidiar preço do diesel causa distorções, segundo especialistas

A política atual de preços é a única possível para uma petroleira, argumentam

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A alta do petróleo favorece a arrecadação da União, mas usar o valor para compensar o preço do diesel ou alterar a política de remarcações da Petrobras tem consequências negativas, dizem especialistas em óleo e gás e contas públicas.

A valorização da commodity faz os royalties e participações especiais subirem. Além disso, se a Petrobras lucra mais, paga mais imposto, segundo David Zylbersztajn, que foi presidente da ANP (Agência Nacional do Petróleo).

A ideia de usar dinheiro público para subsidiar combustíveis fósseis, no entanto, não é compatível com o momento atual, diz: “Quem faz isso são os países árabes e a Venezuela, economias distorcidas.”

A política atual de preços da Petrobras é a única possível para uma petroleira, diz.

“Commodities têm essas variações. Petróleo deu prejuízos durante anos, e é preciso ter o dinheiro do momento de alta para os momentos de perda. Mudar essa prática pode quebrar a empresa.”

Alterar os valores também afeta artificialmente as curvas de oferta e demanda de um mercado, segundo o economista Raul Velloso.

“O preço de um produto sobe porque há escassez dele, e isso precisa acontecer para desestimular o consumo e incentivar a produção.”

Um governo forte tornaria isso explícito, mas o atual não tem vontade de contrariar consumidores, diz. “Isso gerou essa situação em que haverá SUVs abastecidas com diesel subsidiado.”

O setor de transportes deveria ter se tornado mais eficiente, mas não quis passar por esse processo, afirma.

 

Arrecadação de São Paulo cai com crise e medidas do governo federal

As finanças de São Paulo serão afetadas pela paralisação e bloqueios dos caminhoneiros e também pelas respostas que o governo federal deu à crise.

Uma fatia de 29% da Cide, o imposto cuja alíquota foi zerada, é repassada aos estados. Para São Paulo, isso representa cerca de R$ 8 milhões por mês, segundo André Grotti, assessor de política tributária da Secretaria da Fazenda.

Se a Cide for zero até o fim do ano, serão R$ 56 milhões.

Há um efeito indireto: a arrecadação do ICMS diminuirá com a exclusão da Cide do preço do litro do diesel.

“Seremos impactados duplamente, sem contar os números de dias em que a produção industrial, o comércio e as importações foram prejudicados”, afirma ele.

A arrecadação de impostos sobre produtos importados também deve cair, afirma.

“Os pátios estão abarrotados de containers porque não é possível escoá-los. Por mês, o ICMS de importados representa cerca de R$ 2,5 bilhões.”

A circulação de bens e mercadorias, o fator gerador de incidência do ICMS, é afetada pelos bloqueios.

O impacto será apurado em um mês, mas a Fazenda estima que a atividade econômica dos dias de greve é semelhante à dos feriados.

Uma refinaria da Petrobras em Paulínia ficou ilhada, diz ele, e isso também fará a receita do estado do mês cair.

 

Hotéis preveem impacto da greve sobre diárias no feriado

Um prolongamento dos efeitos da greve de caminhoneiros poderá afetar o desempenho de hotéis no feriado da próxima quinta (31), segundo representantes do setor.

A previsão é que viajantes cancelem reservas se a situação não for normalizada rapidamente, diz Orlando de Souza, diretor executivo do Fohb (das grandes redes).

“Seja porque quem planeja ir de carro não vai mais, porque ônibus terão problemas, ou por causa do caos nos aeroportos, muitos desistirão.”

A Nóbile, que tem 53 empreendimentos no país, contabilizou cerca de 400 diárias canceladas até a sexta (25), diz a diretora Renata Beraldo.

“A dúvida [para o feriado] é no segmento de lazer. Se faltar combustível, teremos problemas em Foz do Iguaçu (PR) e Olímpia (SP), e vamos entrar com alguma medida de contingenciamento.”

“O pior é a insegurança. Ninguém sabe como estará a situação. Há quem cancele por precaução”, diz Erica Drummond, CEO da Vert, que gere bandeiras como Wyndham e Ramada.

 

Um novo gás nos preços

A Coca-Cola triplicou o número de lançamentos no Brasil previstos para a área de não-refrigerantes, como sucos, águas e laticínios. Serão cerca de 30 em 2018.

A opção tem sido colocar produtos mais caros no mercado para compensar o ritmo de ajuste dos preços, que segue abaixo do esperado, diz Claudia Lorenzo, vice-presidente de novas bebidas.

Alguns exemplos de itens com valor agregado mais alto são sucos com maior concentração de fruta e embalagens individuais.

Os lançamentos receberão parte do investimento de R$ 3 bilhões previsto para 2018 —esse valor também inclui a parte de refrigerantes, responsável pela maior fatia da receita da companhia.

“Tivemos uma melhora no volume [de vendas] no último trimestre do ano passado”, afirma.

“Somada aos lançamentos, alcançaremos uma composição de receita interessante”, diz a executiva.

62,6 mil
são os funcionários no Brasil

37
são as fábricas no país

 

Copo... A agência de turismo Agaxtur aumentou o número de funcionários em suas lojas neste fim de semana devido à greve, diz o presidente, Aldo Leone Filho.

...meio cheio “Nós trabalhamos com vendas a longo prazo. Reforcei as equipes porque ninguém viajou, acredito que muita gente vai ao shopping fazer compras”, diz ele.

Ignorados O total de consumidores que não teve resposta de empresas ao tentar resolver problemas via redes sociais (52%) subiu 21% neste ano, diz o Grupo Padrão.

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

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