Siga a folha

Irmã de Marielle Franco diz viver 'meio assustada'

Anielle lançou o projeto Papo Franco, que levará debates a moradoras de comunidades pobres

A professora Anielle Franco em Paraty, no Rio, no fim de julho - Marcus Leoni/Folhapress
 

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

“Posso sorrir? Detesto ficar séria”, diz a professora Anielle Franco, 34, enquanto posa para a foto acima, em Paraty (RJ), na Flip. Era sábado (28), dia seguinte à data em que a sua irmã, a vereadora Marielle Franco, completaria 39 anos de idade caso ela não tivesse sido morta em março, no Rio.  

 

“Foi um dia de muita dor”, lembra Anielle sobre a data de aniversário. “Mas a gente se uniu e seguimos para lançar o projeto.” Impulsionada por um sonho que ela teve com Marielle, Anielle lançou, no dia 27 de julho, o projeto Papo Franco, que levará debates a moradoras de comunidades pobres. 

 

“A ideia é incentivar a formação política --não de partido, mas de pensamento crítico-- e protagonizar as mulheres através da memória de Marielle”, explica a caçula. “É inadmissível só sentar e assistir.” 

 

No dia a dia, Anielle diz viver “meio assustada, de não saber se estou sendo parada numa blitz porque eu sou irmã dela, se vão me tratar ok, ou se vão me assediar, como um cidadão me assediou há uns dias, em Bonsucesso [no Rio].”

 

“Ele pediu para eu desembarcar do carro, já achei estranho. Pediu documento, eu dei. Ele falou que estava liberada, eu entrei. Aí ele falou: ‘E aí, você é solteira ou casada?’ Eu falei: ‘Sou sapatão’. Pra dar uma deixa. Porque a gente [mulheres] vive com um certo medo. Infelizmente é a realidade.”

A professora Anielle Franco em Paraty, no Rio, no fim de julho - Marcus Leoni/Folhapress

Já se passaram 145 dias desde a morte de Marielle Franco, e dois suspeitos foram presos. “Acho que é um avanço [nas investigações]”, diz Anielle. “Espero muito que seja.”

 

“Nada chega pra gente antes. Não tivemos acesso até agora, por exemplo, ao inquérito. Tudo o que a gente sabe é o que está na mídia. Juro."

 

“Por um lado, também acho que é bom. Eu vivenciei, há umas três semanas, um cara me abordar e dizer que eu tinha que ter cuidado com o que eu estava falando. Então a gente até prefere não saber de algumas coisas e esperar que a polícia faça o trabalho.”

 

“[O delegado responsável pelo caso] se reuniu com a gente há um mês, mais ou menos, pedindo a compreensão da família pelo sigilo. Eles falaram que teriam surpresas vindo pela frente, e acho que as prisões já são um sinal disso.”

 

“A gente tem muita esperança. Embora tenha muita coisa por trás da Polícia Militar, da Polícia Civil, tudo o mais, a gente acredita que o trabalho vai ser feito. Tem que acreditar.”

 

Sobre entrar para a política, Anielle diz: “Penso, mas sem muita certeza.” “Acho que a minha mãe até me mata, né, antes de eu entrar. Ela está tão assustada com isso. Mas agora, hoje, eu falaria que não. Que o foco é disseminar a memória da minha irmã. Mas não sei o que vem pela frente.”

Leia a coluna completa aqui

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas