Há uma semana e meia, o âncora Tucker Carlson, da Fox News, foi até Donald Trump na Flórida para apelar pessoalmente para ele levar o coronavírus a sério. Arriscou-se ele próprio a pegar o vírus, cumprimentando de passagem a infectada delegação brasileira, também em visita ao presidente.

"Eu senti --e minha mulher sentiu fortemente-- que eu tinha uma obrigação moral", descreveu Carlson depois à Vanity Fair.

Segundo reportagem do Washington Post, foi ele quem mudou Trump, com a conversa e com o monólogo de abertura de seu programa em que afirmou "This is real", isso é verdadeiro, sobre a ameaça do coronavírus.

Na avaliação recém-publicada de Margaret Sullivan, colunista de mídia do mesmo WP, "Cercado por especialistas, Trump ainda precisava de uma intervenção de Tucker Carlson para levar o coronavírus a sério". Mas agora o faz, anunciando medidas de impacto real --e populares.

O âncora ofereceu a Trump não só uma visão mais realista do Covid-19, mas uma alternativa de discurso eleitoral, um inimigo externo. Foi Carlson que falou em "Vírus Chinês", expressão que o presidente adotou, abrindo nova crise com a China e ouvindo críticas, como noticiado pelo New York Times.

A mudança de Trump se refletiu então em toda a Fox News, que antes questionava e agora dispara alarmes seguidos, falando em "presidente de tempo de guerra". A mudança abrupta dos colegas de Carlson, quase cômica, foi editada pelo WP: