A correspondente do Caixin em Washington, Zhang Qi, estava na entrevista em que Donald Trump respondia sobre o vaivém de Jair Bolsonaro ter ou não ter o coronavírus, quando "as pessoas começaram a tirar fotos" dela.
Zhang pensou que "estava fazendo a coisa certa", porém, no título de seu relato destacado no fim de semana pelo jornal financeiro chinês, "Eu usei máscara na coletiva de Trump e me tornei acidentalmente a notícia".
Há semanas que os jornalistas chineses, como Hu Xijin, editor do Huanqiu, vêm apontando a contradição entre o que orientam os médicos chineses e os ocidentais.
O quadro começou a mudar no domingo com o Wall Street Journal (acima) chamando para reportagem em que enfatizou "a abordagem diferente de nações asiáticas em relação aos EUA e à Europa", quanto a máscaras —e testes.
Também na Coreia do Sul "as autoridades de saúde instam todos os cidadãos, mesmo os saudáveis, a usar máscara". E para enfrentar o suprimento escasso "o governo assumiu controle da produção, distribuição e venda".
"Serve de estudo de caso para outras democracias", acrescentou o WSJ.
CONTER O VÍRUS OU A CHINA?
Já o New York Times noticiou também no domingo que o Institute for International Economics, referência do establishment em Washington, divulgou relatório no final da semana afirmando que "as tarifas de Trump sobre produtos médicos chineses podem estar contribuindo para a escassez de equipamentos vitais" no combate ao coronavírus. Máscaras inclusive.
No título do NYT, "EUA estudam isenção das tarifas, mas temem que China aproveite". É que "as fábricas chinesas estão reabrindo conforme o país se livra do vírus, mas o surto nos EUA continua a piorar", ou seja, isentar daria vantagem à China —até no 5G.
OUTRO LADO
Os chineses Caixin e Huanqiu/Global Times já atacam a reação ocidental.
Na manchete do primeiro, domingo, "Como os EUA perderam a janela para controlar o Covid-19". Do segundo, "Resposta passiva da Europa alimenta o medo de casos importados" na China, que passou a exigir quarentena de visitantes.
'UNIDOS'
Jack Ma, dono do Alibaba e do South China Morning Post, após doar milhões de máscaras e kits de testes para Coreia do Sul, Japão, Irã e Itália, fez o mesmo para os EUA.
"Unidos nós ficamos de pé, divididos nós caímos", escreveu ele na rede social Weibo, como noticiado pelo site Politico e por seu SCMP.
MÁSCARAS NA FEIRA
A Agência de Notícias da China, Zhongguo Xinwenshe, a segunda maior do país, atrás da Xinhua, destacou com fotos que em São Paulo, com o avanço da pandemia, "mais e mais pessoas usam máscaras" em feiras, supermercados e outros.
Pequim vem tentando aproximação com o país, para medidas de combate à pandemia, ao que parece sem prosseguimento.
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