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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

Lula se retrata após críticas por fala sobre pessoas com transtornos mentais

Presidente falou em 'desequilíbrio de parafuso' e fez relação com casos de violência

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São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou neste sábado (22), em suas redes sociais, um pedido de desculpas por uma fala que foi apontada como preconceituosa. Na terça-feira (18), ele disse que pessoas com transtornos mentais têm "problema de desequilíbrio de parafuso" e as relacionou a casos de violência.

Na publicação deste sábado, Lula disse que assinou acordo com o governo de Portugal para criação de mecanismos para o intercâmbio de boas práticas na promoção e defesa dos direitos de pessoas com deficiência.

"Destaco esse acordo também pois gostaria de pedir desculpas sobre uma fala que fiz na semana passada, durante reunião sobre violência nas escolas. Conversei e ouvi muitas pessoas nos últimos dias e não tenho vergonha de assumir que sigo aprendendo e buscando evoluir. É por isso que quero me retratar com toda a comunidade de pessoas com deficiência intelectual, com pessoas com questões relacionadas à saúde mental e com todos que foram atingidos de alguma maneira por minha fala", disse.

"Não devemos relacionar qualquer tipo de violência a pessoas com deficiência ou pessoas que tenham questões de saúde mental. Não vamos mais reproduzir esse estereótipo. Tanto eu quanto nosso governo estamos abertos ao diálogo. Como presidente de um país com uma grande parcela da população de PCDs, estou disposto a aprender e fazer o possível para que todos se sintam incluídos e respeitados. É assim que avançamos enquanto pessoas, país e sociedade", concluiu.

A fala original aconteceu durante encontro com os chefes dos Três Poderes, além de governadores e prefeitos, para tratar de ações de prevenção à violência nas escolas.

O presidente se referia ao ataque que aconteceu em Blumenau (SC) no início do mês, quando um homem entrou em uma escola particular e matou quatro crianças. O caso ocorreu nove dias após o ataque à escola estadual Thomazia Montoro, em São Paulo, quando um aluno de 13 anos matou uma professora a facadas e feriu outras cinco pessoas, entre elas três docentes.

"Sempre ouvi dizer que a Organização Mundial da Saúde sempre afirmou que a humanidade deve ter mais ou menos 15% de pessoas com problema de deficiência mental. Se esse número é verdadeiro, e você pega o Brasil com 220 milhões de habitantes, se você pegar 15% disso significa que temos quase 30 milhões de pessoas com problema de desequilíbrio de parafuso. Pode uma hora acontecer uma desgraça", disse Lula, incluindo o homem que fez o ataque em Santa Catarina nessa categoria.

Entidades e associações ligadas à causa da proteção das pessoas com deficiência criticaram a posição do petista, entendida como capacitista.

A deputada estadual Andréa Werner (PSB-SP), presidente da comissão de defesa dos direitos da pessoa com deficiência da Assembleia Legislativa de São Paulo, disse na ocasião que a fala de Lula foi "profundamente infeliz ao associar casos de violência a pessoas com deficiência e transtornos psiquiátricos."

"Temos dados que mostram que essas pessoas são, via de regra, vítimas de violência. Os termos usados, que muitas vezes a gente entende como do cotidiano, de uma conversa com amigos, ou que em espaços informais ainda passam como inofensivos, são ferramentas de desumanização e estigmatização contra quem é vítima de violência", afirmou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião sobre ações contra a violência nas escolas, na terça (18) em Brasília - Gabriela Biló/Folhapress

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