Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012
Onda de voos cancelados no exterior pode gerar busca por pilotos brasileiros
Empresas não esperam que cenário de crise de mão de obra se repita por aqui
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A crise de mão de obra que assombra o setor aéreo com cancelamentos de voos na Europa e nos Estados Unidos não deve ser vista por aqui, segundo as previsões da Abear (associação que reúne empresas aéreas no Brasil).
Eduardo Sanovicz, presidente da entidade, atribuiu o cenário local mais tranquilo aos acordos que foram feitos pelas companhias com os empregados quando a Covid chegou ao Brasil em 2020. Na época, aéreas e sindicato negociaram redução de salário e jornada em troca de estabilidade durante o período mais pesado da pandemia. Quando o reaquecimento voltou, a equipe permanecia ativa, diferentemente do que aconteceu nos mercados europeu e americano, que demitiram, analisa Sanovicz.
O que pode respingar por aqui é alguma onda de recrutamento de tripulantes brasileiros por companhias estrangeiras que estão em busca de mão de obra neste momento.
Pelos dados da Anac, o mercado de voos domésticos começa a mostrar dados de oferta e demanda equiparáveis a 2019, antes da pandemia. Já as viagens do Brasil com destinos internacionais seguem com recuperação mais lenta, em um patamar em torno de 40% abaixo.
Os cancelamentos em série em vários aeroportos europeus são atribuídos a uma combinação de fatores, com greves em diversos países por melhor remuneração e condições de trabalho. Os terminais atuam com equipe reduzida, já que uma parte foi demitida durante a redução dos voos na pandemia, e tem sido difícil recontratar após a retomada das atividades.
Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Gilmara Santos
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