Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012
Indústria de pneus promete rever plano de demissão após fim da isenção de importados
Setor diz ter perdido mercado após decisão de Bolsonaro de zerar imposto na importação do produto
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Com o fim da isenção tributária oferecida pelo governo Bolsonaro aos pneus de carga importados, definida nesta quinta-feira (16), a indústria promete recuar nos planos de demissão.
O setor já vinha antecipando férias dos funcionários para reduzir a produção.
Segundo Klaus Curt Müller, presidente-executivo da Anip (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos), com a volta da alíquota de importação dos pneus aos 16% cobrados anteriormente, a tendência é de reequilíbrio da oferta, porém de forma gradual.
"Teve uma estocagem do pneu nacional porque as vendas caíram, mas houve também um estoque do importado, porque importaram muito. O mercado ainda vai sofrer com disfunções, mas certamente a indústria vai trabalhar para voltar ao normal o mais rápido possível e afastar esse problema dos trabalhadores", diz o presidente da Anip.
Müller afirma que os representantes da indústria levaram seus números ao governo para mostrar a queda na participação de mercado, o aumento da capacidade ociosa e do estoque.
"É a mesma coisa que zerar imposto de importação de automóvel ou do eletrônico. Vai ter um aumento da importação, mas com o tempo, desequilibra as cadeias produtivas. Já estávamos com problema na borracha natural e no aço. A cadeia toda sentiu a redução de compra e muitas operações passam a ficar inviáveis neste cenário", afirma Müller.
Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix
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