Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012
Empreendedor expõe Heineken em disputa contra Ambev
Dono de um pequeno negócio tentou ingressar no Cade por perdas causadas pela Heineken
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Os donos da Villa Parnaíba Mall, um pequeno negócio prestes a ser inaugurado no interior do Piauí, tentaram ingressar como interessados no processo entre as gigantes Ambev e Heineken no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Nesse caso, a Heineken acusa a Ambev de quebrar regras da livre iniciativa ao impor, via distribuidores, contratos de exclusividade com bares, restaurantes e casas de espetáculos.
Francisco Dantas, um dos donos do Villa Parnaíba, acusa a Heineken de ter feito a mesma coisa ao impor exclusividade. Com a recusa do Cade, ele cogita ir à Justiça.
Por telefone, ele afirmou à coluna que a Heineken é a única cervejaria na região. Disse que a Petrópolis fechou um depósito por não conseguir competir com as grandes empresas e que a "Brahma (sic) está praticamente aniquilada".
"Pedimos um contrato de parceria em infraestrutura com a Heineken, mas eles queriam que comprássemos cerveja para ter o apoio do marketing. Queríamos cobrir as tendas de circulação e a praça de alimentação, sem a exclusividade das cervejas", disse Dantas.
"A Heineken enrolou por quatro meses. Nesse meio tempo, eles fecharam com uma empresa criada depois da nossa, da filha de um sócio distribuidor, e montaram o bar para ela", afirma o empresário.
Dantas diz ter feito uma denúncia à Heineken contra o distribuidor que ele afirma ter beneficiado seu concorrente na cidade.
Pediu confidencialidade para evitar um conflito direto. Porém, a cervejaria revelou seu nome, infringindo o próprio código de conduta empresarial.
"A Heineken mandou essa denúncia para o distribuidor", disse Dantas. "Estou no Piauí e aqui é risca faca, foi uma sacanagem deles."
Após o episódio, a Villa Parnaíba Mall acionou o Cade com o objetivo de "ampliar para o país uma investigação sobre potencialidade econômica de exclusividade".
O Cade rejeitou o pedido duas vezes. O órgão afirma que a empresa não demonstrou relação de nexo e causalidade para que ingressasse no processo.
"Não vamos prosseguir, porque estamos com medo de levar alguma multa e comprometer o negócio. Mas estamos avaliando uma ação na Justiça, levantando esse debate sobre o contrato de comodato."
Procurada, a Heineken disse que a decisão do Cade "reforça que o pleito carece de qualquer fundamento jurídico".
Com Diego Felix e Stéfanie Rigamonti
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