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O Dia de Doar e as muitas faces deste ato, que envolve cidadania e pertencimento

Brasil passou de 18º a 89º país no ranking global de doações e ainda trilha caminho na cultura de doação

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Carola Matarazzo

Diretora executiva do Movimento Bem Maior e finalista do Prêmio Empreendedor Social 2020

Silvia Daskal

Gerente Sênior de Parcerias e Relacionamento da Sitawi Finanças do Bem.

A solidariedade é algo tão importante que foi transformada em KPI, métrica para avaliação de desempenho. O World Giving Index de 2023, da Charities Aid Foundation, divulgado neste mês, traz o desempenho da generosidade em 142 países.

Vale a pena conferi-lo. Principalmente porque, se olharmos para a performance brasileira deste ano, há motivos de alerta. As boas posições alcançadas nos últimos anos não se mantiveram em 2022.

O Brasil havia alcançado o 18º lugar entre as nações, contudo, neste levantamento de 2023, caiu para a 89ª posição. Ficam, portanto, algumas indagações. O que isso quer dizer? O Brasil está doando menos?

Ou, tendo em vista renda média da população, doa muito? Que estratégia podemos ter para consolidarmos uma cultura de doação mais estável?

Pessoas recebem doações de alimentos em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo - Marlene Bergamo/Folhapress

Em outro levantamento, a terceira Pesquisa Doação Brasil, do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis), somos informados, em contrapartida, que cresce o número de doadores brasileiros e o valor de suas doações.

Segundo suas conclusões, 84% dos maiores de idade, com renda superior a um salário-mínimo, doaram ao menos uma vez no ano passado. É mais do que em 2020, quando 6 entre 10 brasileiros fizeram este gesto. E o valor desembolsado também: no ano passado, o valor da mediana das doações era de R$ 300, R$ 100 a mais que há dois anos.

Deixando os números de lado, é importante ter em mente que a cultura de doação em um país é um bom termômetro para avaliar sua cidadania. Quanto mais um país doa, mais a cidadania é ativa e consciente.

É possível afirmar, ainda, que doações embutem sonhos. Muitas vezes, indicam caminhos à margem do Estado ou de mãos dadas com ele, para o desenvolvimento de projetos caros à sociedade.

Doações têm o efeito, por fim, de criar laços de pertencimento. Quem doa sente-se intimamente ligado ao destino dos projetos, das causas, ações e iniciativas por ele apoiados.

Mais do que nunca, é hora de doar. Hoje, 28 de novembro, é o Dia de Doar. A data foi instituída originalmente nos Estados Unidos, na sequência da BlackFriday e do CyberMonday. Desde o seu início, é comemorada na primeira terça-feira que sucede estes dois momentos de consumo intenso, conclamando consumidores a repensarem seu papel. Afinal, doar pode ser tão importante quanto consumir.

O tema está em pauta. Há um campo fértil por ser arado. Talvez possamos multiplicar ou ampliar os canais confiáveis para que doações maiores e mais constantes sejam feitas. É fundamental, ainda, garantir que o recurso do doador chegue na ponta com transparência e eficácia — bem como o acompanhamento do que se passa na ponta, uma vez que o recurso lá chegou.

Há quase uma década, as organizações da sociedade civil, muitas das quais têm uma agenda ativa de impactos socioambientais positivos, têm sido fundamentais nesse sentido, devido à confiança que estabelecem com seus parceiros e doadores.

A verdade é que temos muito o que aprender para melhor trilhar a estrada da doação. Principalmente se o fizermos construindo parcerias, envolvendo comunidades locais, ampliando o acesso a recursos e fortalecendo a transparência e a governança desses fluxos de recursos e iniciativas.

Em resumo, é importante galgar novamente posições melhores nos rankings locais e globais do bem fazer. E novas conquistas na consolidação da cultura de doar passam por elas para sermos ainda mais efetivos em cada passo desse trajeto. Quem está na ponta agradece e tem pressa.

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