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É epidemiologista, professor da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas e coordenador do Epicovid-19, o maior estudo epidemiológico sobre coronavírus no Brasil.

A queda de mortes por Covid-19 continua

A vacinação, mais uma vez, está salvando a humanidade de uma doença terrível

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O gráfico que acompanha a coluna de hoje é um alento para aqueles que torcem pelo fim da pandemia de Covid-19. A queda de mortes no mundo, iniciada algumas semanas atrás, parece cada vez mais sustentável. A média móvel de mortes por Covid-19 hoje é comparável com aquela das primeiras semanas da pandemia, lá por abril e maio de 2020, quando a curva estava começando a subir.

Não é a primeira, e nem será a última vez, que a vacinação está salvando a humanidade de uma doença terrível. A Covid-19 matou mais de 6,2 milhões de pessoas até hoje no mundo. Embora a doença tenha chegado a todos os países do mundo, os estragos causados por ela variaram muito de acordo com as políticas de saúde adotadas.

Vacinação contra a Covid-19 em posto de saúde da Grande São Paulo - Léu Britto/Agência Mural

Infelizmente, o Brasil foi, desde o começo da pandemia, um dos piores países do mundo no enfrentamento da Covid-19. Só para dar uma ideia, a mortalidade por Covid-19 até hoje é de três mortes para cada 1 milhão de habitantes na China, 158 por 1 milhão na Nova Zelândia, 236 por 1 milhão no Japão, 291 por 1 milhão na Austrália, 438 por 1 milhão no Vietnã, e vergonhosas 3.104 mortes por 1 milhão no Brasil.

Entre os dez países mais populosos do mundo, o Brasil é o que tem a maior mortalidade relativa por Covid-19. Entre os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o Brasil é o que tem a maior mortalidade relativa por Covid-19.

E mesmo dentro do Brasil, as desigualdades são marcantes. O estudo EPICOVID-19, liderado pela Universidade Federal de Pelotas, mostrou que os 20% mais pobres têm o dobro do risco de infecção por Covid-19 do que os 20% mais ricos. A mesma pesquisa mostrou que as pessoas negras (pretas e pardas) têm o dobro da chance de pegar Covid-19 em comparação aos brancos. O maior risco de Covid-19 entre os indígenas chegou a ser alvo de censura, de tão desigual que era a situação.

Muito já comentamos aqui sobre os motivos que nos fizeram ter um desempenho tão vergonhoso no enfrentamento da Covid-19. Agora é hora de olhar para frente e tomar as atitudes necessárias para que a queda observada atualmente seja mantida. A principal recomendação é que a população mantenha a vacina contra a Covid-19 em dia.

Apesar da vacinação ser um sucesso no Brasil, alguns gargalos ainda precisam ser sanados. O primeiro é a desigualdade na cobertura vacinal entre os estados da Federação. Enquanto alguns estados apresentam cobertura próxima a 90%, outros ainda patinam para ultrapassar os 50% da população imunizada. Isso precisa ser resolvido com boas campanhas de vacinação nos locais mais remotos do país.

Em segundo lugar, é necessário que as pessoas estejam em dia com as doses de reforço. Embora a cobertura das duas primeiras doses da vacina contra a Covid-19 tenha sido satisfatória, a verdade é que muita gente tem deixado de tomar as doses de reforça. Comprovadamente, para as variantes mais recentes, as doses de reforço são essenciais.

Por último, precisamos acelerar a vacinação em crianças, que ainda caminha devagar no Brasil. Depois de uma campanha ridícula de demonização da vacina nas crianças, liderada pelo próprio governo, a verdade é que o próprio Ministério da Saúde admitiu que não houve nenhuma morte de criança por efeitos adversos da vacina. Mesmo assim, alguns pais e mães seguem receosos, em função das notícias falsas divulgadas por políticos que não tem qualquer compromisso com a vida.

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