Siga a folha

Presidente nacional da Cufa, fundador do Laboratório de Inovação Social e membro da Frente Nacional Antirracista.

Heróis negros disputam seu lugar no passado

Personagens revolucionaram suas áreas, mas foram invisibilizados

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Sou da geração que lutou muitas lutas e ainda trava outras várias, sempre procurando protagonizar a favela em espaços de decisão e pautando nossa agenda como plataforma de potência, rompendo paradigmas impostos que nos reduzem às tragédias e carências.

Procurando mostrar que avanços devem ser sempre comemorados como forma de inspirar, motivar e construir rituais em torno de conquistas. E, assim, ir habitando o nosso imaginário de sonhos, ambições e possibilidades.

No últimos tempos, uma das muitas questões que me estimularam e me enchem de entusiasmo foi o fato de o debate histórico sobre o papel de estátuas e heróis nacionais emplacados pela história oficial estar na pauta política, pois carrega muitas reflexões importantes e fundamentais em prol da construção de uma narrativa dos que fizeram o país mas nunca tiveram oportunidade de reconhecimentos e destaque.

É em São Paulo, a última a abolir a escravidão, que uma mudança de percurso na construção de um novo imaginário das potências de pessoas pretas está em curso como resultado de uma construção coletiva e como incorporação de uma agenda preta pelo poder público municipal.

Na cadeira em que Mário de Andrade sentou, hoje quem ocupa o cargo, escalada pelo prefeito Ricardo Nunes, é a secretaria de Cultura Alinne Torres, uma mulher preta, filha da Zona Leste. É ela quem está inaugurando estátuas de pessoas negras por toda a cidade.

São personagens heróicos que, no seu tempo, revolucionaram suas áreas; gente que foi apagada e ou invisibilizada por um enredo que nega a contribuição de pessoas pretas ao país. Mas essas pessoas, durante os 522 anos de existência deste país, deram enormes contribuições e trabalharam muito por ele.

As personalidades são a escritora Carolina de Jesus, o compositor Itamar Assumpção, a matriarca do samba Madrinha Eunice, o compositor Geraldo Filme e Adhemar Ferreira da Silva, este último, primeiro bicampeão olímpico do país, primeiro atleta sul-americano bicampeão olímpico em eventos individuais, recordista mundial do salto triplo cinco vezes e primeiro atleta a quebrar a barreira dos 16 metros nessa prova.

Sabemos o peso que essas escolhas têm, o valor que significam essas conquistas num país que exalta sempre pessoas oriundas da colônia, nomes ligados à ditadura e personagens sempre ligados ao poder instituído.

A história como a conhecemos atualmente não inclui a nossa participação nem as nossas realizações. É necessário portanto reescrevê-la, refazer suas narrativas , disputar o passado e ocupar o presente, serenando o futuro.

Escultura Mãe Preta, no Largo do Paissandu - São Paulo Antiga

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas