Repórter especial em Brasília, está na Folha desde 1998. Foi correspondente em Belo Horizonte e São Luís e editor-adjunto de Poder.
Bolsonaro consegue, enfim, seu 1º grande feito para o país
Criminalização da homofobia foi uma reação à escalada do discurso de ódio contra minorias
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Com menos de seis meses no cargo, Jair Bolsonaro já pode assinalar na caderneta a sua primeira grande realização. Foi involuntária e conspira contra seus mais arraigados sentimentos, é verdade, mas não podemos lhe negar esse feito.
A criminalização da homofobia, enfim, virou realidade. A proposta dormia um sono eterno nos escaninhos de Brasília. Não fosse a ascensão do bolsonarismo, dificilmente despertaria tão cedo.
O presidente da República tem um extenso histórico de degradantes declarações em relação aos gays e reúne em torno de sua figura toda uma horda de semibárbaros que representa real ameaça, psicológica e física, aos homossexuais. Gente que não se constrange em ir às redes sociais para, por exemplo, defender boicote a empresas como o Burger King e a Natura, que veicularam comerciais exaltando a diversidade.
Atento a essa escalada medieval, o Supremo Tribunal Federal decidiu na quinta-feira (13) igualar a discriminação contra gays ao crime de racismo, que é imprescritível, inafiançável e tem pena de prisão de até cinco anos. Eventual lei aprovada pelo Congresso dificilmente poderá contrariar esses parâmetros.
Bolsonaro diz não ser homofóbico.
Esqueçamos todo o seu histórico e vejamos apenas a sua manifestação sobre a decisão do STF. O presidente é tão “gay-friendly” que se preocupa com a empregabilidade dos homossexuais. O patrão, diz, agora vai pensar duas vezes antes de contratá-los, com receio de se dar mal por qualquer “piadinha” que faça.
O argumento é tão perspicaz que até já foi usado antes. Bem antes. Escravocratas do século 19 diziam que a abolição iria privar os negros da segurança e do conforto da senzala para atirá-los a só Deus sabe que destino. Tamanha era a piedade no coração que custa acreditar que a história tenha reservado um papel de ignomínia a essa gente.
Bolsonaro acredita que foi derrotado. Deveria, ao contrário, marcar o 13 de junho de 2019 como o dia de seu primeiro grande feito para o país.
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