O melhor é dizer logo, sem rodeios nenhuns: a Finlândia foi considerada o país mais feliz do mundo. A Finlândia, gente. Um estudo revelou que o povo mais feliz do mundo (há já vários anos seguidos) é o finlandês. O finlandês! Desculpem se estou demasiado transtornado.

O Brasil ficou em 41º lugar. Infelizmente, a infelicidade dos brasileiros não me surpreende. Mas felicidade, na Finlândia? Fui à Wikipédia confirmar que não estava enganado. Não, é mesmo o país que, em janeiro e fevereiro, tem uma temperatura média próxima de -5 °C. Que chega a ter temperaturas inferiores a -20 °C. Que, no inverno, tem dias que duram menos de seis horas. E que, no verão, costuma ter uma temperatura máxima de 20 °C.

É o país cuja língua parece ter sido inventada por alguém que fechou os olhos à frente de um teclado e pressionou teclas aleatoriamente. É a nação cujo prato preferido é rena salteada. Estamos a falar de um povo que chegou a um sítio inóspito e disse:

"Mika, pousa a mala que é isto mesmo. Estamos em casa, meu filho. Só neve e gelo. É um lugar tão bonito que vamos chamar-lhe Jyväskylä. Gostas do que vês?"

"Não vejo quase nada, pai. São duas e meia da tarde mas já anoiteceu."

"É verdade. Vamos acender uma fogueira."

"Oh! Ali ao fundo, pai! Uma rena. É a amiga do Papai Noel, que linda."

"Sim. E é também o nosso jantar."

"Ah. Interessante. Gosto muito da nossa terra. Estou ansioso por vê-la, dentro de seis meses, quando a neve derreter."

"Sim, no verão. Vão ser os dez minutos mais belos da tua vida."

Esse diálogo, embora não pareça, é apócrifo. Mas pode muito bem ter ocorrido, na altura da fundação da Finlândia. Não me interpretem mal: eu sei que, na Finlândia, tudo funciona. Não há dúvida de que se trata de uma nação bem-sucedida, próspera, e parece que a moral sexual é bem relaxada. Não há outra hipótese, tendo em conta o resto.

Países como o Brasil ou Portugal podem dar-se ao luxo de ter problemas graves. Está sol. Na Finlândia tem mesmo de estar tudo certinho. Mas o país mais feliz do mundo? Será possível? Não creio. Julgo que, à pergunta "é feliz?", os finlandeses responderam: "Para finlandês, até sou". Só pode ser isso.