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Humorista, membro do coletivo português Gato Fedorento. É autor de “Boca do Inferno”.

Sensibilidade de Bolsonaro a remédios pode explicar caso do Prêmio Camões

Ex-presidente pode ter se recusado a assinar o diploma entregue a Chico Buarque por não ter tomado as medicações

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Quando, esta semana, Chico Buarque recebeu finalmente o Prêmio Camões, fez um agradecimento curioso: lembrou "que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o diploma" com a sua assinatura.

E eu lembrei daqueles versos da canção "Apesar de Você" que dizem: "Você que inventou a tristeza / Ora, tenha a fineza de desinventar".

Tanto o destinatário da canção como o destinatário do discurso têm finezas semelhantes —tanto que são ambas finezas, descritas com o uso da exata mesma palavra.

A razão pela qual Chico recebe o Camões agora, quatro anos após o prêmio lhe ter sido atribuído, é, como sabemos, o fato de Jair Bolsonaro se ter recusado a assinar a documentação necessária para que o diploma fosse entregue.

Um júri reuniu-se, ponderou e deliberou que, naquele ano, o galardoado com o maior prêmio da língua portuguesa seria Chico Buarque.

Mas Bolsonaro, um crítico literário mais sutil, corrigiu a decisão. Até aqui, tudo certo: as funções do presidente do Brasil são administrar o país, nomear o governo, exercer o comando supremo das Forças Armadas e vetar a atribuição de prêmios literários.

Mas, esta semana, o mesmo Bolsonaro, ouvido pela Polícia Federal, alegou que, quando publicou em rede social um vídeo que punha em causa a legalidade dos resultados eleitorais, estava medicado.

A publicação foi feita por engano. Quem publicou o vídeo não foi Bolsonaro, foram os remédios. Talvez o ex-presidente não fosse contra a vacina da Covid, mas contra toda a medicação em geral.

É evidente que os remédios têm nele efeitos muito nocivos.

Nunca tomei remédio que me fizesse publicar vídeos nas redes contra a vontade. A primeira coisa que procuro nos medicamentos são os efeitos.

Se vier lá escrito que o comprimido se apropria da minha conta de Twitter, eu não tomo. Mas a sensibilidade de Bolsonaro à medicação pode explicar o caso do Prêmio Camões.

Dessa vez, talvez Bolsonaro tenha recusado assinar o diploma de Chico Buarque, não por estar sob o efeito de medicação, mas precisamente por não ter tomado os remédios. Os remédios para a azia, digo.

A canção "Apesar de Você", escrita em 1970, incluía os versos: "Apesar de você / Amanhã há de ser / Outro dia / Eu pergunto a você/ Onde vai se esconder". A resposta veio finalmente em 2023: é na Flórida.

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