Secretário de Redação da Folha.
Um descaso de país
Tratores da limpeza agora passam por cima de banhistas deitados na praia
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Todo verão tem suas novidades. No litoral paulista, tratores a serviço do poder público agora passam por cima de pessoas que estão deitadas na praia.
Aconteceu em São Vicente e na Praia Grande. No primeiro caso, uma empresária de 75 anos morreu depois de ser atropelada na faixa de areia onde costumava tomar sol, em frente a seu apartamento. No segundo, um homem ficou gravemente ferido enquanto dormia.
Em Pirituba, na zona norte da capital paulista, uma unidade de (veja bem) pronto atendimento foi inaugurada em outubro sem ter aparelho de raios X funcionando. Quem chega lá com o pé quebrado precisa caminhar até um hospital, numa rua sem calçada, dividindo espaço com carros, motos e ambulâncias, e depois subir 25 degraus.
Mais ao centro da cidade, que aliás é a mais rica do Brasil, o entulho do edifício Wilton Paes de Almeida, um prédio público caído há quase dois anos, lá continua, como se fosse cena de um país em guerra.
Fugir de tudo isso é opção um tanto trabalhosa, porque o trem que vai ao aeroporto de Cumbica não chega até ele —e os vagões, que surpresa, continuam às moscas. O governador que entregou essa malfeitoria agora explica acupuntura na TV. Deveria servir de sinal de alerta a seu sucessor, que prometeu resolver o problema e até agora nem iniciou a obra.
Falta chão ainda para que absurdos como esses reverberem como deveriam e para que os eleitores apliquem filtros mais seletivos, na urna, aos gestores públicos que oferecerem esse tipo de serviço.
O presidente da República, por sinal, adora falar desse tipo de problema. Só que não demonstra a mesma verve que costuma dedicar a assuntos mais folclóricos. “[O Estado] lamentavalmente não dá contraprestação do serviço em função do que cobra”, afirmou Bolsonaro na terça (7). “Agora, isso é coisa que vem de antigamente. Eu não tenho como mudar agora.” É melhor arrumar um jeito, presidente.
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