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Jornalista, foi secretário de Redação da Folha, editor de Cotidiano e da coluna Painel e repórter especial.

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Procurador defende humorista acusado de racismo e diz que Chico Anysio seria criminalizado hoje

Segundo a acusação, entre 2010 e 2018, o humorista Júlio Cocielo fez comentários racistas no Twitter

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O procurador Nilton Luiz de Freitas Baziloni disse à Justiça que o humorista Júlio Cocielo não incitou ou cometeu racismo em posts publicados em suas redes sociais.

Em parecer encaminhado ao Tribunal de Justiça de São Paulo, ele discordou da acusação na qual os promotores Eduardo Valério, Bruno Simonetti e Veronica Consolim pedem que o humorista seja condenado a pagar uma indenização por dano social no valor de cerca de R$ 7,5 milhões.

Segundo a acusação, entre 2010 e 2018, o humorista fez diversos comentários racistas no Twitter, "afrontando a dignidade humana". Os promotores citam, por exemplo, que, no dia 2 de novembro de 2010, Cocielo publicou o seguinte texto: "Por que o Kinder ovo é preto por fora e branco por dentro? ... Porque, se ele fosse preto por dentro, o brinquedinho seria roubado, KKK #maldade".

O youtuber e influenciador digital Júlio Cocielo - Instagram-7.ago.2020/@cocielo

Em outra ocasião, em novembro de 2013, escreveu: "Nada contra os negros, tirando a melanina...". Um mês depois, disse: "O Brasil seria mais lindo se não houvesse frescura com piadas racistas. Mas já que é proibido, a única solução é exterminar os negros".

Para os promotores, "é inconcebível que manifestações dessa estirpe permaneçam impunes em um país que se quer justo e solidário, que pretenda ser democrático".

Cocielo ganhou em primeira instância, mas o Ministério Público recorreu da decisão. O parecer do procurador Baziloni, contrário à condenação, foi realizado no dia 27 de outubro a pedido do Tribunal de Justiça, que deve julgar o recurso em breve.

No parecer, o procurador afirma que Cocielo é humorista e que é necessário diferenciar o discurso de ódio do discurso politicamente incorreto. "Ele jamais se comportou como racista, como alguém que defende a supremacia da raça branca sobre a negra", afirmou o procurador.

"Gostemos ou não do conteúdo das publicações, comunguemos ou não do tipo de humor produzido, não podemos tolher a liberdade de expressão, tampouco impor ao apelado a cultura do discurso politicamente correto para seus mais de 7 milhões de seguidores", afirmou.

O procurador disse na petição que, nos dias de hoje, grandes comediantes como Jô Soares e Chico Anysio seriam criminalizados, citando personagens como Capitão Gay [de Jô Soares], o malando Azambuja e Painho [de Chico Anysio]. Segundo ele, é necessário haver tolerância com o humor.

Na defesa apresentada à Justiça, Cocielo nega ter praticado racismo. "Contar uma piada sobre negros não transforma um humorista em uma pessoa racista ou propagador do ódio contra negros, da mesma forma que contar uma piada sobre judeus não transforma um humorista em uma pessoa antissemita", escreveu o advogado Maurício Bunazar, que o representa no processo.

O youtuber diz ser afrodescendente, nascido em uma família pobre da periferia, e que sabe na pele o que isso significa. "É evidente que Cocielo faz piadas com sua própria condição, o que é um artifício humorístico usado por comediantes no mundo todo", disse o seu advogado à Justiça.

"Há diversos comediantes judeus que fazem piadas com estereótipos judeus, da mesma forma que muitos comediantes negros fazem piadas com estereótipos da população afrodescendente."

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