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Jornalista, foi secretário de Redação da Folha, editor de Cotidiano e da coluna Painel e repórter especial.

Descrição de chapéu Folhajus

Ministério Público denuncia moradora que agrediu cozinheira negra nos Jardins

Caso ocorreu em outubro de 2021; Justiça ainda não analisou a denúncia

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O Ministério Público de São Paulo denunciou por injúria racial e lesão corporal Patrícia Brito Debatin, moradora de um prédio nos Jardins, em São Paulo, acusada de agredir a cozinheira Eliane Aparecida de Paula.

Em outubro do ano passado, após um dia de trabalho no edifício número 715 da rua Oscar Freire, Eliane aguardava na entrada da portaria social a chegada de um motorista de aplicativo.

Ao entrar no prédio e perceber a presença de Eliane sentada em um banco, de acordo com a denúncia, a moradora disse: "O que essa nega está fazendo aqui?". Ela, então, colocou-se na frente de Eliane e, de acordo com o processo, novamente a atacou: "Que nega esquisita! O que essa nega está fazendo aqui?".

Câmera de monitoramento do prédio registrou a agressão - Reprodução

Eliane reagiu dizendo que a moradora estava cometendo crime, mas Patrícia continuou a ofendê-la: "vaca gorda", "pessoa estranha". Na sequência, segurou a cozinheira pelos cabelos e, segundo o que foi relatado no processo, bateu diversas vezes a cabeça de Eliane contra a parede e lhe deu joelhadas na barriga.

As agressões pararam apenas com a interferência do zelador, que prestou depoimento à polícia como testemunha.

"Ao descer na portaria principal, vi Patrícia agarrada nos cabelos de Eliane, batendo a cabeça dela contra a parede, enquanto Eliane chorava e pedia que parasse", afirmou o zelador à polícia. "A moradora puxava os cabelos da vítima e lhe desferia joelhadas." As agressões foram filmadas pelas câmeras de segurança do prédio.

A denúncia é assinada pelo promotor Otávio Garcia.

Ao ser interrogada pela polícia, Patrícia se defendeu afirmando que "em nenhum momento proferiu qualquer palavra que pudesse ofender a honra e a dignidade da vítima, com relação a sua raça, cor e condição social".

Patrícia disse que, naquele dia, havia saído para realizar uma caminhada e que, ao retornar, teve dificuldades para entrar no prédio, pois a portaria digital demorou a funcionar. Afirmou que ficou nervosa com a situação, ressaltando que, dias antes, havia ocorrido um arrastão na Oscar Freire, com diversos assaltos e um latrocínio.

Ao conseguir entrar, ela disse que questionou de forma calma e controlada a mulher que estava sentada na portaria pela falta de ajuda para abrir o portão, pois achou que ela era uma funcionária do prédio.

Eliane, segundo o relato da moradora, teria então, de forma irônica, dito que não era funcionária do condomínio: "Não é porque sou negra que não tenho o direito de estar sentada no prédio", teria afirmado Eliane, de acordo com Patrícia.

A partir daí, afirmou Patrícia, a cozinheira passou a dizer que ela cometera um crime e que iria chamar a polícia. Tentando impedir que entrasse no saguão do prédio, declarou a moradora, Eliane a teria empurrado. Somente então, a moradora, segundo o seu relato, teria puxado o cabelo da cozinheira e lhe aplicado joelhadas com o intuito de afastá-la.

"Não cometi crime algum", afirmou à polícia. "Houve um grande mal entendido", declarou.

Eliane disse à polícia que, visando falsear a verdade, a moradora passou a afirmar a todos que nada havia feito.

A cozinheira declarou que foi vítima de crimes sem motivação. "Eu pedi que ela [Patrícia] parasse com as ofensas racistas e a humilhação. Eu estava passando por um momento difícil, fazia um ano que havia perdido meu filho em um acidente de trânsito. Estava buscando normalizar a minha vida e não queria problemas. Queria apenas seguir o rumo da minha vida."

A Justiça ainda não analisou a denúncia.

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