Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu petrobras Governo Lula

Lula demite Jean Paul Prates da Petrobras; Magda Chambriard deve assumir

Presidente já demonstrava insatisfação com o trabalho de Prates havia meses

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O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, foi demitido pelo presidente Lula (PT) da estatal.

Prates telefonou a diversos aliados comunicando a sua demissão. E revelou que Magda Chambriard será a nova presidente da empresa. No governo de Dilma Rousseff (PT), ela ocupou uma diretoria na Agência Nacional do Petróleo (ANP).

A informação foi confirmada à coluna por uma assessora que atendeu o celular de Prates e disse: "É só isso o que posso falar".

Jean Paul Prates, agora ex-presidente da Petrobras, durante evento na sede da empresa, no Rio de Janeiro - Mauro Pimentel - 2.mar.2023/AFP

Magda Chabriard é engenheira civil formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com pós-graduação em engenharia química, e trabalhou por 22 anos na Petrobras.

Lula já demonstrava insatisfação com o trabalho de Prates havia meses. O primeiro atrito entre eles surgiu quando houve uma discussão sobre a distribuição de lucros da empresa.

Em abril, a coluna revelou que Prates chegou a pedir audiência a Lula para esclarecer sua situação no cargo. O presidente não chegou a recebê-lo, mas ficou descontente com a postura do dirigente da estatal e deixou a situação em banho-maria.

Lula vinha demonstrando incômodo com Prates em ao menos um episódio anterior e mencionado em conversas em março uma potencial troca de Prates por Mercadante.

O presidente teria ficado contrariado com tuítes disparados por Prates na rede social X (antigo Twitter), em meados de março, declarando que a orientação para reter os dividendos extraordinários da Petrobras partiu do governo Lula —o que aumentou a polêmica em torno dos dividendos.

A nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, durante evento na FGV do Rio de Janeiro - Charles Sholl - 23.mar.2023/Brazil Photo Press/Folhapress

O presidente da Petrobras também entrou em choque com o presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), ministro Bruno Dantas. Prates cobrou explicações de Dantas sobre matéria que revelou que a área técnica do TCU pediu a suspensão de um contrato firmado pela Petrobras com a empresa de fertilizantes Proquigel Química (Grupo Unigel) por indícios de irregularidades graves.

A assinatura do contrato seria antieconômico, segundo a avaliação, com estimativas de prejuízo de R$ 487,1 milhões no prazo de oito meses.

O presidente da Petrobras disse que os técnicos estavam usando a imprensa para vazar informações e desgastar a sua gestão e diretoria. O tom pesado usado por ele acabou levando Dantas a reclamar com ministros do governo e com o chefe de gabinete do presidente Lula, o Marcola.

Prates chegou a voltar ao X para ironizar sua possível saída do comando da companhia. Ele reproduziu na época uma suposta troca de mensagens de WhatsApp que dizia que ele sairia, sim, da Petrobras, mas para jantar —e estaria de volta no dia seguinte cedo, com a agenda cheia.

Lula chegou a sondar o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, para o lugar.

Contra o nome de Mercadante pesava uma possível reação negativa do mercado —já que ele é visto por investidores como um quadro histórico do petismo e que pode, portanto, ter uma gestão mais intervencionista.

Com a movimentação, também haveria necessidade de se buscar um nome para o BNDES. Nelson Barbosa, um dos diretores da instituição e ex-ministro da Fazenda, foi cotado para comandar o banco.

A fritura de Prates se intensificou quando o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, deu entrevista à Folha e disse reconhecer que havia um conflito entre seu papel e o do presidente da Petrobras.

Prates defendia distribuir 50% dos recursos extraordinários aos acionistas, mas Silveira e o conselho discordaram diante de discussões sobre o fôlego da estatal para investimentos —inclusive em energia limpa.

A decisão final de reter os recursos na empresa causou reação de investidores na bolsa e tirou bilhões em valor de mercado da companhia.

Na mesma entrevista, Silveira ainda afirmou que a diretoria da Petrobras deve ser sempre respeitada, mas evita comentar se Prates está fazendo uma boa gestão.

À época, o então presidente da estatal teve a sua permanência no cargo defendida por diversas lideranças do PT —entre elas, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. O petista disse considerar "um desastre o que estão fazendo com o Jean Paul".

"É um desrespeito a ele", escreveu Dirceu, em um grupo que reúne próceres da legenda e ex-ministros de governos anteriores de Lula. Ele ainda afirmou que o desgaste entre Prates e Silveira era "ruim para a imagem do governo".

A demissão sucede a divulgação do balanço que mostrou que a estatal registrou lucro de R$ 23,7 bilhões no primeiro trimestre de 2024, queda de 38% em relação ao mesmo período do ano anterior.

As vendas de combustíveis da estatal caíram 2,6%, o que ajudou a reduzir em 15,4% a receita da empresa, para R$ 117,7 bilhões. O Ebitda, indicador que mede a geração de caixa de uma empresa, recuou 17,2%, para R$ 60 bilhões.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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