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Jornalista, foi secretário de Redação da Folha, editor de Cotidiano e da coluna Painel e repórter especial.

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Dona de canil é condenada por maus-tratos a 143 cães: desnutridos e sem água

Mulher diz que laudos do processo são 'imprestáveis' e que não cometeu crime

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A Justiça paulista condenou a proprietária de um canil em São Sebastião, no litoral paulista, acusada de cometer maus-tratos contra 143 cães, sendo que 18 deles morreram.

Em 2018, a polícia descobriu que os cães, a maioria deles da raça buldogue francês, estavam sendo criados em condições insalubres, sofrendo com a escassez de água e de comida e a falta de higiene.

Os animais ficam espalhados em três pavimentos do imóvel, convivendo com o acúmulo de fezes e urina, "inclusive nos potes de ração", como destacou o Ministério Público ao denunciar Gabriela Bueno de Camargo, proprietária do canil Bueno. Alguns deles ficavam presos em gaiolas.

Os animais estavam desnutridos, de acordo com a acusação, com dermatite nas patas e apresentavam grande quantidade de pulgas e carrapatos. Havia cães com sarna, conjuntivite, otite e até mesmo úlcera de córnea. Algumas das cadelas, com parto recente, tinham recebido suturação da cesárea com linha de pesca.

Animal com dermatite grave que foi resgatado do canil - Laudo do processo

No local funcionava também, sempre segundo a denúncia, uma clínica veterinária clandestina, na qual havia diversos medicamentos de uso controlado, anabolizantes e material cirúrgico não higienizado e enferrujado.

"Foram encontrados dezenas de antibióticos vencidos e de extrema potência, de uso restrito e controlado devido à sua alta resistência bacteriana e o risco de produzirem as denominadas bactérias super-resistentes", declarou a promotora Mirian de Souza à Justiça.

O canil não possuía alvará de funcionamento da Vigilância Sanitária.

Os animais foram apreendidos e encaminhados para o Instituto Luisa Mell.

Animal com otite resgatado do canil - Laudo do processo

Na sentença em que condenou a proprietária do canil, a juíza Gláucia Paiva afirmou que as provas apresentadas são "cristalinas" e ressaltou que ela, exercendo ilegalmente a profissão de médico-veterinária, ministrava nos animais anabolizantes e drogas de uso controlado.

A dona do canil foi condenada a uma pena de dois anos e oito meses de reclusão, em regime semiaberto, e mais dois anos e dois meses de detenção.

Terá ainda de pagar R$ 96,6 mil ao Instituto Luisa Mell em restituição aos gastos com o tratamento veterinário dos cães.

Gabriela já recorreu da decisão.

Ela afirmou em sua defesa que sempre buscou tratar os animais da melhor forma possível e que a acusação de maus-tratos destoa da realidade. Os animais, disse no processo, são "sua fonte de vida e renda e eram muito bem cuidados".

A proprietária do canil disse ainda à Justiça que os laudos anexados ao processo são "imprestáveis" e que não cometeu nenhum crime.

Afirmou que, por ocasião da ação policial, estava internada havia dois meses em razão de uma depressão.
Ela disse que os animais estavam sob cuidado de seus funcionários e que não acredita que eles praticaram maus-tratos.

"A acusação é sensacionalista e serve apenas para fomentar as mídias sociais da assistente da acusadora [o Instituto Luisa Mell], que age praticamente como uma polícia privada", declarou.

Disse também que o canil não era clandestino e que estava em vias de regularização. Ela rejeitou a acusação de exercício ilegal da profissão de veterinária e disse que os cães eram tratados por profissionais.

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